A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) começou a ouvir nesta segunda-feira (9) os 12 policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na operação no Morro Santo Amaro, Zona Sul do Rio, por volta das 3h do último sábado (7). Os policiais intervieram em uma festa junina que acontecia no local e recebia moradores e pessoas de outras regiões da cidade, incluindo mulheres, idosos e crianças. A ação terminou na morte do office-boy Herus Guimarães, de 24 anos, e deixou outras cinco pessoas baleadas.

Continua depois da publicidade

O caso tomou proporções nacionais. À GloboNews, o delegado Augusto Lago Garcia, da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) afirmou que “são muitas as diligências”, além das perícias do local e das armas dos agentes do Bope.

Segundo o delegado, todos os militares devem ser ouvidos até terça-feira (10).

O que aconteceu?

Na madrugada de sábado, a Polícia Militar (PM) afirmou que recebeu a informação de que criminosos se preparavam para atacar facções rivais na comunidade e, por isso, deram início à operação.

Durante a ação, o office boy Herus Guimarães Mendes morreu após ser baleado com dois tiros no abdômen. Outras cinco pessoas foram feridas. Segundo o Hospital Municipal Souza Aguiar, apenas uma delas segue internada, mas com quadro de saúde estável. As quatro restantes receberam alta.

Continua depois da publicidade

A PM alega ter sido recebida na comunidade com tiros, mas que não revidaram os ataques rapidamente. Os policiais teriam avançado na favela, segundo a versão da polícia. Neste momento, teria acontecido um segundo confronto.

Vídeos que repercutem nas redes sociais mostram que crianças e adolescentes que dançavam músicas tradicionais de festa junina, muito tradicional no Santo Amaro, começaram a correr quando ouviram tiros se aproximando.

Quais providências foram tomadas até o momento?

A Polícia Civil apurou que nenhuma das pessoas atingidas durante a operação do Bope era envolvida com tráfico de drogas ou crime organizado. Por isso, o governador Cláudio Castro (PL) decidiu por afastar os comandantes do Bope, coronel Aristheu Lopes, e do Comando de Operações Especiais (COE), coronel André Luiz de Souza Batista. Os outros 12 policiais que participaram da ação também foram afastados.

Castro lamentou a morte do jovem e fez a promessa de que as investigações seriam rápidas e rigorosas, tanto pela Polícia Civil como pela Corregedoria da PM. O governador disse, ainda, que as câmeras corporais dos policiais serão incluídas nos inquérito.

Continua depois da publicidade

— Sei que palavras não vão trazer ninguém de volta e nem diminuir a dor de se perder um ente querido, mas fica aqui a minha tristeza e indignação — afirmou Castro.

As armas dos PMs do Bope foram apreendidas para passarem por perícia. Agentes da Polícia Civil foram ao já na tarde de sábado para realizar perícias. O ponto principal, agora, é entender a dinâmica dos tiros para saber se Herus e os cinco feridos foram atingidos por disparos feitos pelos policiais ou por traficantes.

O Ministério Público (MP) iniciou uma perícia independente no corpo da vítima na tarde de sábado, no Instituto Médico Legal (IML).

Peritos legistas realizaram escaneamentos tridimensionais para mapear com precisão os vestígios e lesões, utilizando recursos digitais avançados que permitem a elaboração de laudos interativos para que se possa configurar a dinâmica dos fatos“, disse o órgão em nota.

Continua depois da publicidade

Caso repercutiu nacionalmente

O caso gerou comoção nacional. Herus foi enterrado no domingo (8), no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona Sul.

— Vou ter que deixar meu filho aqui. Tiraram a vida dele. Não deixaram a gente socorrer ele. Ficaram rindo, debochando enquanto ele estava caído no chão. Meu filho foi arrastado, está todo arranhado. Não vou mais ouvir a voz dele, não vou mais receber uma mensagem. Ele não deveria estar aqui — disse, emocionada, a mãe do jovem, Mônica Guimarães.

Flamenguista, Herus era office boy em uma imobiliária da cidade e pai de um menino de dois anos.

No momento da operação, ele estava na festa com os familiares e outros moradores. Baleado no abdômen, ele foi socorrido no Hospital Glória D’Or, perto do morro Santo Amaro, mas acabou não resistindo.

Horas depois, os familiares, moradores e pessoas ligadas ao movimento de defesa dos Direitos Humanos se dirigiram até a frente da da 9ª Delegacia de Polícia (DP), no Catete, se manifestar contra a operação do Bope, pedir explicações e pedir justiça para Herus.

Continua depois da publicidade

Durante o fim de semana, internautas manifestaram revolta sobre o caso, e os jornais cobriram as repercussões do crime.

*Sob supervisão de Jean Laurindo

**Com informações do g1 e UOL

Leia também

Após confissão de humorista, corpo de miss baiana é encontrado enterrado em mata no PR

O que se sabe sobre procurador que matou mulher e filho de dois meses em SP

Homem que se vangloriava de abuso é preso por estupro e prostituição infantil em SC