Inspirado pelo poder transformador, pela possibilidade de contar histórias através de imagens, amplificar vozes e dar visibilidade a causas, Anderson Barbosa começou a expor fotos documentais autorais em 2017. Com três fotolivros publicados, atualmente o fotógrafo expõe seu trabalho na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em coletânea com imagens preto e branco de manifestações realizadas em Florianópolis.
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Nascido em Florianópolis, com formação na área ambiental e atualmente cursando Jornalismo, Barbosa utiliza a imagem como ferramenta de expressão e transformação. Seu trabalho busca não apenas registrar, mas provocar reflexões e amplificar causas que merecem visibilidade.
O fotógrafo passou a se interessar por foto documental após a percepção de que fotos nas redes sociais “talvez percam seu impacto rapidamente”.
— Numa era de “fotografação” efêmera, onde imagens se perdem no fluxo das redes sociais, a documental oferece justamente a capacidade de criar narrativas que atravessam gerações, mantendo viva a mensagem e ampliando seu poder transformador ao longo do tempo — diz Anderson.
Experiências marcantes no início da fotografia
Barbosa conta que foram três experiências marcantes que fizeram com que ele se interessasse pela fotografia. A primeira delas aconteceu em dezembro de 2013 com “A vida secreta de Walter Mitty”. Na época, ele estava curtindo mais o estilo de vida ligado à natureza e o filme o impressionou pelas imagens, trilha sonora, pelo estilo de vida do fotógrafo aventureiro Sean O’Connel e principalmente pela virada de chave que aconteceu na vida do personagem Walter Mitty.
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— Porém, só o distanciamento temporal me fez perceber que esta “virada de chave” na vida do personagem me trouxe um inquietamento que na época não havia percebido. Todo aquele clima de fotografia e paisagens belíssimas também haviam me tocado.
A segunda foi durante uma prestação de serviço voluntário ambiental no Parque Nacional Torres del Paine, na Patagônia Chilena. Segundo Anderson, foi onde ele percebeu que sentia uma “vontade imensa” de retratar aquelas paisagens do local, para as pessoas que não podiam estar ali.
— Parecia estar vivendo uma parte do filme que havia assistido dias antes. A consciência ambiental se intensificou e algumas fotos foram feitas, mas apenas para registros pessoais e para compartilhar com pessoas próximas.
Meses depois, o fotógrafo visitou a exposição fotográfica Gênesis, de Sebastião Salgado, que estava em cartaz no Gasômetro em Porto Alegre.
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— Após a visita, saí mudado. As fotografias mexeram comigo. fiquei mais de uma hora apreciando as imagens expostas, refletindo sobre a mensagem que o conjunto de fotografias se propunha a transmitir. Inconscientemente eu também queria passar alguma mensagem através de imagens. Não sabia como ou onde seria, mas estava decidido — conta Anderson.
Ainda em 2014, Barbosa comprou uma câmera e “mergulhou nos assuntos relacionados à fotografia e ambientalismo. Em 2016, ele reuniu sua primeira “coleção de fotografias”, ainda de forma “tímida e iniciante”, sobre os arredores do Morro da Pedra Branca e da Mata atlântica que resiste no local, mas foi em 2017 que Anderson idealizou seu primeiro evento.
O Nômades (Nosso Meio Ambiente, Desenvolvimento e Sustentabilidade) – foi o projeto onde ele realizou sua primeira exposição com palestras de apelo ambiental ligado às fotografias produzidas.
— Posso dizer que os primeiros resultados materiais surgiram em 2016, porém comecei a fotografar em 2013. A junção entre fotografia e ambientalismo, a fotografia engajada ambiental e a possibilidade de amplificar uma mensagem através das imagens foi o que me interessou no início e continua interessando. Porém com uma gama de interesses socioambientais ampliados.
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“Pisa Ligeiro”
Atualmente, o espaço expositivo do Centro de Cultura e Eventos da UFSC recebe, até o dia 18 de julho, a exposição fotográfica “Pisa Ligeiro”, de Anderson Barbosa. A exposição traz registros das manifestações estudantis, sindicais e da classe trabalhadora em Florianópolis, entre 2019 e 2022. As fotos podem ser vistas de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.
A oportunidade de realizar a exposição surgiu através da inscrição em um edital para ocupação do espaço expositivo do Secarte, no Centro de Eventos e Cultura. A mostra é composta por 27 fotografias em preto e branco, emolduradas com restos de materiais descartados pelas ruas.
— Cada detalhe foi pensado para ecoar o tema da resistência e do fazer artístico com o que temos à mão — explica o fotógrafo.
O projeto contou com a parceria de Nathalia de Souza Silva, companheira de Anderson, artista e estudante de Psicologia na UFSC. Anderson conta que ela participou ativamente desde a coleta dos materiais até a curadoria artística, além de documentar todo o processo criativo.
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Os registros, segundo Anderson, são um convite à reflexão, “pois nos lembram, ressaltam e deixam cravados na história que só a luta muda a vida e é no coletivo que as mudanças acontecem”. As imagens são parte de um acervo maior, documentado no livro “Pisa Ligeiro”.
Veja algumas imagens da exposição
*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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