Os donos de restaurantes que comercializam pratos com polvo em Florianópolis, principalmente na alta temporada, relatam que o molusco desapareceu dos mercados de pescado da cidade. Por outro lado, os estabelecimentos que ainda têm o molusco precisaram aumentar o preço dos pratos com esse ingrediente.
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Esse é o caso do Restaurante Porto do Contrato, no Ribeirão da Ilha que serve três pratos tradicionais com polvo. A dona do restaurante, Naline Elias Nicolau, conta que parou de comprar o pescado porque não conseguia mais encontrar com o mesmo padrão de qualidade e pelo mesmo preço:
— Eu preferi não pegar mais polvo por causa do padrão do produto e do valor. Por exemplo, o quilo do povo estava R$ 45, e ele foi pra R$ 129. E não é um polvo gostoso, é um polvo que emborracha. Então, não adianta servir alguma coisa que não seja boa pro cliente, porque ele não vai voltar. Se fosse um padrão de qualidade excelente, aí tudo bem. Mas se sai do nosso padrão, fica ruim — diz Naline.
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Alysson Müller, chef do Rosso Restaurante, em Santo Antônio de Lisboa, também relatou a mesma dificuldade em encontrar o polvo:
—Tem muito pouco polvo, e quem tem, tá cobrando caro pra vender porque tá realmente em falta — diz o chefe. O estabelecimento serve oito pratos com o pescado, que precisaram ser reajustados em 30% no valor para poder suprir a alta do preço.
Por que a escassez?
A dificuldade em encontrar o polvo começa no mar. O fornecedor Wilson Rampeloti, dono da Forte Pescados, que vende moluscos para o Mercado Público de Florianópolis, conta que os barcos entram no mar em busca do polvo, mas não conseguem pescar nada. Wilson não consegue imaginar um motivo específico para isso estar acontecendo.
O biólogo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Horta, diz que o fenômeno do desaparecimento do polvo não ocorre apenas em Florianópolis, mas é um problema que vem sendo registrado no mundo inteiro. Ele acredita que está relacionado com a poluição costeira e a sobrepesca:
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— Os polvos, assim como os demais representantes da biodiversidade marinha, também enfrentam várias ameaças à sua sobrevivência, como a pressão da pesca, a poluição, a perda de habitat e as alterações climáticas. Portanto, o declínio da saúde dos nossos ecossistemas costeiros reduz a quantidade de alimentos a que os polvos têm acesso, o que muitas vezes pode levar ao declínio populacional.
O biólogo ainda faz um alerta:
— Cuidar da saúde de nossos ecossistemas, remediar a poluição, sanear nossas cidades, restaurar as áreas degradadas, estão entre as ações necessárias para ajudarmos essas espécies a resgatarem seus contingentes populacionais.
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