A enxurrada que atingiu o bairro Lagoa da Conceição, em Florianópolis, completa um ano nesta terça-feira (25). O rompimento da uma lagoa de tratamento de esgoto atingiu pelo menos 35 imóveis, que tiveram que ser reconstruídos. Até hoje, a Casan trabalha para reparar os danos causados pelo acidente e moradores relembraram momentos de terror.
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A Servidão Manoel Luiz Duarte fica abaixo da lagoa rompida, e foi a área mais atingida. Na rua, ao menos seis veículos ficaram completamente submersos e dezenas de moradores tiveram prejuízos.
De acordo com a Associação dos Moradores da Lagoa da Conceição (Amola), a enxurrada poluiu a água da lagoa. Em uma carta aberta, os moradores pediram para se reunir com prefeitura, Casan e demais órgãos para discutir soluções para o saneamento.
“Depois disso [acidente], a Lagoa nunca mais foi a mesma. Uma cor marrom tomou conta da nossa água. Enfrentamos a agonia e a morte de peixes, moluscos e crustáceos com a hipóxia. De forma simplificada, a poluição consome o oxigênio que falta para os animais”, disse a carta.
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> Casan nega que sabia do risco de vazamento da Lagoa da Conceição
A prefeitura afirmou que não recebeu o documento.
Como estão moradores após acidente
Quase todas as casas da da Servidão Luiz Manoel Duarte foram reconstruídas em um ano. O clima é diferente, e os moradores, que não esquecem do dia em que tudo aconteceu, se dizem aliviados e mais seguros.
A construção de um muro de contenção, começada há cerca de um mês, aumentou a confiança da comunidade. Serão sete metros de altura que prometem evitar qualquer outra tragédia. Segundo a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) o prazo da obra é abril, mas pretende deixar pronto antes, até final de fevereiro.
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Edson de Moraes é morador da região atingida e lembra detalhes do dia que teve que se salvar e resgatar a esposa.
— 5h45, [a água] veio por cima, estourou tudo, veio varrendo, derrubando casas, varreu, me jogou lá nos fundos da casa. A minha esposa, aos prantos, gritando, eu tive que voltar contra a força da água, correnteza e consegui resgatá-la — recordou.
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O morador Ubirajara Camargo Junior perdeu no acidente uma pousada que tinha na região.
— Desespero total. Porque foi muito rápido. Um copo você enche, ele começa a transbordar. Esse copo virou e a água veio toda de uma vez. Eu e minha família inteira achamos que íamos morrer — afirmou Ubirajara.
Os moradores fazem tratamento psicológico, custeado pela Casan, para tentar superar a tragédia. Segundo a Companhia, 95% dos processos de indenização foram concluídos e quatro ainda estão sendo negociados.
— A gente está fazendo trabalho psicológico com os moradores locais. Foi uma solicitação deles também, então a Casan vem contribuindo desta forma. Comunicação, a Casan está sempre comunicando os moradores do que está acontecendo ali — afirmou a presidente da companhia, Roberta Maas dos Anjos.
Relembre a enxurrada em fotos
Soluções para esgoto que afetou água da Lagoa ainda são discutidas
Um grupo técnico passou a se reunir semanalmente para pensar em soluções para recuperação ambiental em fevereiro de 2021. A equipe é formada por representantes da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
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Em abril, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) emitiu um plano com as exigências para a recuperação ambiental da Lagoa da Conceição.
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Em novembro de 2021, o cumprimento das medidas foi cobrado pelo Ministério Público Federal (MPF), que solicitou informações da Casan e do grupo técnico. O documento questionou a mortandade de peixes, e pediu a comprovação do que foi feito de fato pra reduzir os danos causados ao ecossistema da comunidade.
A resposta veio em dezembro, em um parecer técnico que afirma que a Casan monitora mensalmente os parâmetros da água em diversos pontos, e que busca alternativas viáveis e eficazes pra melhoria da qualidade da água. Segundo o documento, a compania já iniciou o processo de implantação de um sistema terciário de tratamento dos efluentes. O texto ainda cita que novas alternativas para armazenar os fluentes são estudadas pela Floram.
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