Daniel Vorcaro, dono do Banco Master e investigado por fraudes financeiras na operação Compliance Zero, deixou o Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos, por volta das 11h40 deste sábado (29). Ele e outros quatro executivos do banco estavam presos desde o dia 18 de novembro.

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Em imagens feitas na saída da unidade prisional, Daniel Vorcaro aparece acompanhado de seus advogados, com roupas simples, boné, chinelo e uma bíblia na mão. A visão contrasta com a vida antes da prisão, em que o banqueiro tinha uma rotina luxuosa, com viagens em destinos paradisíacos, jatinhos e festas milionárias.

Ele estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos, para onde foi transferido na segunda-feira (4). Inicialmente, Daniel ficou detido na superintendência da Polícia Federal em São Paulo.

“Conforme decisão judicial, ele será monitorado eletronicamente pelo Centro de Controle e Operações Penitenciárias da Polícia Penal do Estado de São Paulo”, informa trecho do comunicado da SAP sobre Vorcaro.

A operação Compliance Zero, na qual Vorcaro foi preso, cumpriu sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. Na sexta-feira (28), a Justiça determinou que outros quatro executivos, além do dono do Banco Master, fossem soltos.

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Qual o motivo pelo qual o dono do Banco Master foi solto

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiu soltar Vorcaro na sexta-feira. A desembargadora Solange Salgado da Silva afirmou na decisão que “embora inegável a gravidade dos fatos e o vultoso montante financeiro envolvido”, a adoção de medidas alternativas à prisão é “suficiente para, atualmente, acautelar o meio social, prevenir eventual reiteração delitiva, garantir a ordem econômica, garantir o regular prosseguimento da persecução penal e coibir o risco de fuga”.

A defesa alegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que não haviam fatos concretos e individualizados que apontassem risco efetivo de que Daniel Vorcaro poderia atrapalhar a investigação. Ainda, alegou que com a liquidação do Master, determinada pelo Banco Central, não haveria risco de os crimes voltarem a serem cometidos.

“A frágil situação econômica do Banco Master já está acautelada pela liquidação extrajudicial decretada pelo Bacen. Não há mais qualquer ingerência do Paciente na referida instituição e por tanto nenhuma conduta possível de ser por ele praticada para reverter o quadro financeiro em questão”, argumentou a defesa.

O Supremo Tribunal Federal (STF) foi acionado pela defesa do dono do Banco Master nesta sexta com o argumento de que a Justiça Federal, que ordenou a prisão do banqueiro, não é o grau do Judiciário competente para cuidar do caso. O ministro Dias Toffoli é o relator do pedido. Ainda não há prazo para que essa solicitação seja julgada.

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Quais serão as restrições impostas a Daniel Vorcaro

A partir de agora, o dono do Banco Master terá que utilizar tornozeleira eletrônica e comparecer periodicamente à Justiça. Ainda, os cinco executivos presos — e agora soltos — na operação não poderão manter contato entre si, nem com outros investigados, testemunhas, funcionários e ex-funcionários do BRB e do Master, incluindo por telefone, internet ou intermediários.

Eles também não poderão deixar o município onde moram sem autorização da Justiça e ficam sem acesso aos passaportes, que foram entregues na última semana. Segundo a investigação, Daniel Vorcaro tentava deixar o país quando foi preso.

Quem são os outros executivos soltos

  • Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master;
  • Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia do Master;
  • Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria do Master;
  • Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio do Master.

O g1 tenta contato com as defesas dos investigados acima para comentarem o assunto.

Por que Daniel Vorcaro foi preso

No dia 18 de novembro a Operação Compliance Zero foi autorizada pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília. Mais seis executivos ligados ao banco são acusados de fraude em papéis vendidos ao Banco de Brasília (BRB)

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De acordo com as investigações, o banco vendia títulos de crédito falsos, prometendo rendimentos até 40% acima da taxa básica do mercado em CBDs. Contudo, esses valores não eram cumpridos na prática.

A estimativa da PF é que o esquema tenha movimentado R4 12 bilhões. O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição no mesmo dia da operação.

Quem é Daniel Vorcaro

Daniel Bueno Vorcaro nasceu em 6 de outubro de 1983, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ele é presidente do Banco Master, instituição financeira que ganhou projeção no mercado brasileiro após um processo de reestruturação iniciado em 2018. Na época, ele conduziu a transição do Master para o formato atual, com nova identidade, foco estratégico e expansão de produtos e serviços.

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Formado em Economia, com MBA em Finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) de Belo Horizonte, Vorcaro construiu sua trajetória profissional atuando em diferentes negócios e investimentos antes de assumir posições de destaque no sistema financeiro. Essa experiência prévia o preparou para liderar operações de maior porte e complexidade.

Vorcaro é conhecido por adotar uma postura empreendedora e orientada a resultados, buscando inovação e expansão em suas iniciativas. Sua forma de condução difere do perfil tradicional de banqueiros mais reservados, com presença pública e participação ativa em discussões sobre negócios e investimentos.

*Com informações do g1