A campanha eleitoral começa oficialmente daqui a pouco mais de um mês, em 16 de agosto. Até lá, pré-candidatos podem participar de atos públicos e divulgar a pré-candidatura, mas com alguns cuidados como não fazer pedidos explícito de votos.
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Nas redes sociais, esse período chamado de pré-campanha já vem sendo aproveitado por pré-candidatos a prefeito para uma espécie de ‘aquecimento’ para o que será a campanha a partir de agosto. Com vídeos enfatizando realizações dos mandatos ou problemas enfrentados pelas cidades, os prováveis nomes que estarão na corrida pelas prefeituras tentam se aproximar dos eleitores e sinalizam qual pode ser o tom dos projetos eleitorais.
O consultor político e professor Fred Perillo afirma que a pré-campanha tem tomado proporções maiores a cada ano eleitoral, muito pelo fato de os 45 dias de campanha serem considerados um tempo curto. Por conta disso, ele avalia que a divulgação de vídeos e a presença digital nesta fase pode ser uma forma de ouvir o eleitor enquanto ainda há mais tempo para interações, sem a campanha nas ruas. Também pode permitir “sair na frente” na busca por atenção do eleitor.
Perillo ressalta que há alguma diferença nos perfis. Enquanto políticos com mandato já são ativos nas redes sociais e costumam estar na chamada “campanha permanente”, os pré-candidatos que não ocupam cargos tentam outras estratégias para chamar a atenção do público e apresentarem as primeiras ideias. Nesses casos, a opção pode ser por trazer uma pauta ou uma polêmica da cidade à tona. Em todos os casos, no entanto, ele ressalta que a meta deve ser buscar um vínculo com o eleitor.
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— As pessoas querem saber a personalidade do político, o jeito dele. Temos visto muitos políticos competentes perdendo eleição para políticos interessantes. Aí entra a questão do entretenimento, de não fazer um conteúdo chato, de mostrar um pouco da vida pessoal, cada um com seus limites. Mas é um grande erro quando se usa as redes apenas para divulgar o que se faz e se esquece de gerar uma conexão com as pessoas do ponto de vista pessoal, da empatia — pontua.
Palanque virtual e uso do entretenimento
O professor de Administração Pública e pesquisador em Cultura Política da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Daniel Pinheiro, lembra que culturalmente a pré-campanha era o período em que políticos reforçavam a agenda de eventos com presenças em festas comunitárias e faziam grandes inaugurações de obras, inclusive com shows e espetáculos. Com o avanço da legislação eleitoral, que vetou parte dessas condutas, as redes sociais acabaram recebendo essa atenção, em um outro formato. Na prática, viram a oportunidade de um “palanque virtual”.
Ele lembra que esse segmento tem se profissionalizado cada vez mais e deve seguir dando a tônica quando a campanha de fato começar.
— Com certeza vão continuar sendo a grande ferramenta, a Inteligência Artificial vai estar por trás disso também. Mas se não houver uma gestão profissional disso, é algo que pode se tornar também um grande problema para os candidatos — pontua.
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Os vídeos com jeito de entretenimento, aproveitando-se de trends, memes e virais, que já viraram sensação nas redes sociais com os políticos tiktokers, e devem continuar em alta na campanha, junto de outrsa linguagens inovadoras.
— As pessoas consomem isso o tempo todo, consumindo memes, figurinhas de WhatsApp. Quem está na oposição pode usar o meme para mostrar uma fragilidade da gestão, por exemplo. Isso vai crescer exponencialmente — afirma Perillo.
Quem são os pré-candidatos a prefeito em Florianópolis
Largada em Florianópolis
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Em Florianópolis, o prefeito e pré-candidato à reeleição Topázio Neto (PSD) tem priorizado vídeos de entregas e obras feitas durante o mandato. Com o jeito bem-humorado que se tornou característico das suas publicações nas redes sociais, o prefeito também abriu espaço para publicações sobre os seus cachorros e com dança para anunciar um novo centro de saúde.
O provável adversário nas eleições Dário Berger (PSDB) também já utiliza as redes sociais para dar as primeiras pílulas do que pretende apresentar na campanha eleitoral. Com vídeos que resgatam realizações dos dois mandatos de prefeito de Florianópolis, Dário apresentou testemunhos de filiados do partido e de eleitores em encontros nas ruas da Capital. Em uma das produções, teve até espaço para uma indireta ao atual prefeito e futuro adversário.
O deputado estadual Marquito (PSOL) tem um vídeo se apresentando como pré-candidato a prefeito de Florianópolis, mas tem priorizado nas redes sociais divulgações da atividade parlamentar na Assembleia Legislativa (Alesc), com debates em audiências públicas sobre temas como poluição de praias e planejamento urbano na Capital.
Pedrão (PP), também pré-candidato a prefeito da Capital, tem antecipado temas que podem estar na campanha eleitoral do ex-vereador, como os dilemas envolvendo a população em situação de rua e os índices de saneamento básico em Florianópolis. O tema do meio ambiente também aparece em vídeos do pré-candidato a prefeito do PT, Vanderlei Farias, o Lela. Nas publicações nas redes, ele tem alternado vídeos com críticas a temas como as investigações envolvendo setores da prefeitura com publicações em defesa do governo Lula, com divulgação das ações do governo federal. Rogério Portanova (Avante) publicou nos últimos dias vídeos de reuniões, encontros com alunos e entrevistas em que opina sobre temas atuais.
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FOTOS: Quem são e como estão os últimos 10 prefeitos de Florianópolis
Pré-candidatos se movimentam em Joinville
Nas outras duas maiores cidades de SC, Joinville e Blumenau, os pré-candidatos também ensaiam as primeiras divulgações sobre debates das cidades a serem mais bem explorados na campanha eleitoral.
Em Joinville, o atual prefeito Adriano Silva (Novo) tem dado ênfase a vídeos de inaugurações e entregas de obras executadas durante o mandato, sem menções diretas ao contexto eleitoral.
O deputado estadual Sargento Lima (PL), que deve enfrentar o atual prefeito nas urnas com o apoio do governador Jorginho Mello, fez publicações recentes sobre o congresso conservador CPAC, que teve a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro em Balneário Camboriú, na última semana. Em paralelo a isso, tem divulgado vídeos de discursos e defesas feitas por ele nas sessões da Alesc. Em um dos vídeos, fala sobre sua relação com a cidade e apresenta-se como pré-candidato a prefeito.
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Outros pré-candidatos a prefeito de Joinville também têm reforçado a presença nas redes. Anelísio Machado (PP), por exemplo, aparece em festas e encontros comunitários nos últimos dias na cidade.
Rodrigo Bornholdt (PSB) divulgou vídeos ao lado de figuras conhecidas do seu partido, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro dos Portos, Márcio França. Também publica cards no Instagram com conteúdos sobre saúde e habitação no município. Carlito Merss (PT) tem priorizado conteúdos de defesa do governo federal e de discussões de Brasília, como a reforma tributária.
As primeiras estratégias em Blumenau
Em Blumenau, o deputado estadual e pré-candidato Egídio Ferrari (PL) priorizou nos últimos dias vídeos sobre a relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sobre a participação dele no congresso conservador CPAC, no último fim de semana, em Balneário Camboriú. Em meio a essas produções, tem divulgado repasses de emendas parlamentares apresentadas na Alesc e participado de anúncios como a compra do Sesi, ao lado do atual prefeito Mário Hildebrandt, que apoiará a candidatura.
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O ex-promotor Odair Tramontin (Novo), provável rival de Ferrari nas urnas, também tem utilizado as redes para se comunicar com os seus seguidores nas últimas semanas, mirando o projeto eleitoral. O pré-candidato tem investido em formatos em que aparece pedalando por bairros da cidade ou reunindo-se com moradores para anotar sugestões de melhorias para a cidade.
Também pré-candidata à prefeitura de Blumenau, Ana Paula Lima (PT) tem dado maior destaque nas últimas semanas à atuação como deputada federal. Com a semana agitada em Brasília em função da regulamentação da reforma tributária, a parlamentar publicou vídeos explicando as mudanças no projeto e defendendo medidas do governo Lula. O pré-candidato Ricardo Alba (Podemos) tem divulgado entrevistas e vídeos com críticas à gestão atual sobre temas como dificuldades enfrentadas pelo Hospital Santa Isabel. Rosane Martins (PSOL) também tem publicado com frequência já com propostas para temas como transporte coletivo, detalhes sobre sua família e críticas à atual gestão.
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