*Por Roberta Lingnau de Oliveira

Eu voltei ao trabalho quando minha filha tinha completado exatos quatro meses. Para a minha sorte, na rua do meu antigo trabalho, tem uma escola. Seria essa mesma que cuidaria da minha pequena e, de quebra, eu ainda teria a oportunidade de vê-la no meio do expediente e amamentar.

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Durante a adaptação, eu dava voltas em torno da escola, ficava parada encostada em uma árvore olhando para aquela casa que viria a ser um dos lugares mais especiais do mundo para a nossa família, e chorava. Eu havia passado os últimos tempos debruçada sobre o meu lindo, perfeito e saudável bebê, mas como consequência, esquecido de quem eu era. Como eu tinha chegado até ali? Mal sabia eu que estaria retornando para uma empresa que não era mais a mesma, atribuída para um outro cargo que não era o mesmo antes da licença maternidade.

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A empresa mudou e meu papel dentro dela também. Isso tornou as coisas ainda mais desafiadoras para mim, para que eu pudesse relembrar quem eu era. Para a minha sorte, uma das únicas mulheres da área inteira, é mãe, e uma mãe incrível. Eu a enchia de perguntas, repetidamente, mas aquilo era o que me tranquilizava, saber que ela me entendia. Ela tinha empatia. Genuína. Do tipo difícil de encontrar, sabe?

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O tempo passou, e finalmente reencontrei o caminho de volta para aquela Roberta, que existia antes da Nina nascer. Eu trilhei o caminho até o ponto onde eu pude me reconectar com aquela pessoa que escolheu trabalhar na área de tecnologia, com pessoas. Quais são as histórias por trás de uma organização? O que motiva e inspira as pessoas? Quais são os possíveis futuros? Essas foram as perguntas que tentei responder, na maior parte da minha trajetória, inconscientemente.

No final, é sobre empatia. Essa é a forma pela qual nos conectamos uns aos outros. Foi daí que surgiu o TechMoms, comunidade da área de tecnologia para acolhimento e empoderamento de mães que, assim como eu, tem uma história.

Participantes do TechMoms
Participantes do TechMoms (Foto: Divulgação)

A única certeza que temos do amanhã é que ele é desconhecido e a incerteza é um solo fértil para mentes curiosas e dispostas a ampliar horizontes desconstruindo as fronteiras para um novo mundo. Um mundo construído pela sua força, pela sua história, pelas suas paixões, pelas suas mãos, por você. Por nós.

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Eu quero falar sobre o que me tira o sono: a minha filha. Pois para onde ela e outras crianças estão indo, não há bolhas, não há caixas. Sonhos não terão mais endereço. Esse mundo será deles. Esse mundo será nosso.

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Entender as histórias por trás das mães que fazem parte de uma organização é chave para que possamos tornar ambientes de trabalho não somente bons, mas lugares aos quais essas mães possam pertencer e que contribuam para o reencontro com as profissionais que eram antes deste momento tão transformador, a maternidade. É sobre isso que eu quero falar.

*Roberta Lingnau de Oliveira é gestora de projetos na Cheesecake Labs e cofundadora do grupo TechMoms

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