Você, leitor, reparou que o preço do leite deu uma aumentada aqui em Santa Catarina nas últimas semanas, né? E não só isso: outros produtos como o queijo (muçarela e prato, principalmente), e até o leite em pó também tiveram reajuste de julho para cá. Essa disparada no valor pago ao produtor é a maior já registrada em dois meses seguidos no Estado e chega a 28,4% — nas prateleira dos mercados, porém, pesa ainda mais no bolso do consumidor e chega a passar da marca de 30%.

Continua depois da publicidade

> Quer receber notícias do Santa, do DC, ou do AN por WhatsApp? Clique aqui e veja como

O preço do leite pago ao produtor em SC começou o ano em R$ 1,37 o litro, segundo o Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea). De lá para cá, foram cinco altas e apenas uma baixa — em maio, quando o valor caiu 5,8%. Em junho e julho, o produto acumulou duas altas consecutivas acima da casa de dois dígitos, de 10,8% e 17,5%. Desde que a média Cepea é calculada, nunca o Estado registrou dois aumentos tão consideráveis. O preço do litro, então, bateu R$ 1,74.

Três fatores

Mas, afinal de contas, por que o preço do leite aumentou tanto em SC?

Segundo o engenheiro agrônomo e analista de socieconomia da Epagri/Cepa, Tabajara Marcondes, três fatores explicam esse aumento no preço do leite — e, como consequência, de outros produtos: um período histórico de baixa produção, aliado ao aumento no consumo nas classes mais baixas e também à procura maior por itens de supermercado — esse último ligado diretamente à quarentena e ao isolamento social relacionados ao coronavírus.

Continua depois da publicidade

> Moisés pede liminar ao STF contra emenda da Alesc que obriga respostas sobre coronavírus em até 72h

Todos esses fatores fizeram com que a demanda pelos produtos nas prateleiras dos supermercados fosse maior do que a oferta.

— Primeiro nós estávamos em um período de produção baixa, de entressafra, que começa mais ou menos em março e abril e vai até agosto. É um período de preços maiores e, consequentemente, melhores aos produtores. Em segundo ponto tivemos os programas de ajuda do governo federal, como o Auxílio Emergencial. Esse recurso fez com que famílias mais pobres, com subconsumo de leite, comprassem mais. O terceiro aspecto é o aumento exponencial da venda de produtos alimentícios do lar [por conta da pandemia], o que impactou na comercialização dos lácteos — explica Tabajara Marcondes.

> 10 lugares para conhecer em Santa Catarina — depois da pandemia, é claro

Leite UHT, leite em pó, creme de leite, queijo. Todos esses produtos foram diretamente impactados pelo aumento no valor pago ao produtor. O engenheiro agrônomo da Epagri/Cepa conta, também, que a perspectiva era negativa por conta da crise da Covid-19, e que o comportamento do consumidor foi o oposto do que os especialistas esperavam.

Continua depois da publicidade

— O que aconteceu com o aumento no consumo foi exatamente o contrário do que imaginávamos. Agora a preocupação do setor é daqui para frente, principalmente quando acabarem os benefícios emergenciais do governo, em dezembro. Lá poderá haver um baque — aponta Marcondes.

Tendência de queda

Mas nem tudo são notícias ruins.

Se por enquanto o preço do leite e derivados disparou, o indicativo para os próximos meses é de queda do valor, avalia Marcondes:

— Agora nós vamos entrar em um momento de maior oferta. E essa variação será expressiva, de 20% a 25%. Com isso naturalmente os preços vão baixar.

Menos mal.

Destaques do NSC Total