Seis testemunhas, entre delegados e policiais militares, foram ouvidos nesta segunda-feira (5) pela Justiça em Joinville no desdobramento da Operação Mensageiro envolvendo o prefeito afastado de Pescaria Brava, Deyvisonn da Silva de Souza (MDB). Entre os relatos, foi levantada a acusação de que o político teria ido até a um aterro sanitário da cidade para receber uma das parcela de propina no esquema.
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Os testemunhos apontaram que Deyvisonn teria facilitado renovações de contratos da prefeitura no Sul catarinense com a Serrana Engenharia, a empresa pivô do esquema, por três vezes desde 2016, quando assumiu a gestão municipal em seu primeiro mandato, em troca dos pagamentos ilegais.
O prefeito afastado teria recebido R$ 15 mil após um primeiro contato para firmar o acordo e, posteriormente, R$ 3 mil mensais, informações adiantada por reportagem do NSC Total. Uma dessas parcelas menores é a que teria sido paga no aterro, ainda conforme relatado no fórum.
As testemunhas detalharam ainda que não houve flagrante do prefeito recebendo dinheiro e que todos os contatos entre Deyvisson e a Serrana eram feitos por telefone — foram ao menos 70 interações, entre ligações e mensagens de texto, sempre com conversas rápidas e diretas.
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A investigação ainda teria descoberto, segundo as testemunhas relataram à Justiça, 12 números de telefone com DDD 41, da região de Curitiba, e associados a diferentes CPF’s para que fossem usados nos agendamentos com os agentes públicos para o pagamento das propinas.
Ainda segundo as testemunhas, havia uma planilha criada em 2014 com os valores de cada propina paga aos municípios. Esse documento foi armazenado em um pen drive e era acessado por um único computador desconectado da rede. Também para não deixar rastros, o pen drive teria sido destruído.
O fórum de Joinville terá uma nova audiência nesta terça (6), mas desta vez para ouvir testemunhas do caso envolvendo o prefeito afastado de Capivari de Baixo, Vicente Corrêa Costa, que foi preso na segunda fase da operação. Serão ouvidas 12 pessoas na ocasião.
Tanto Deyvisonn quanto Vicente não devem ser ouvidos agora. Também não há data para isso.
A reportagem procurou a defesa do prefeito afastado de Pescaria Brava, que retornou por meio de nota afirmando que “Deyvisonn se declara inocente” O texto ainda diz que “os dois encontros mencionados pela testemunha (policial gaeco), que teriam ocorrido em 2016 e 2017, são decorrente de colaboração premiada. Ao ser questionado a testemunha confirmou que não conseguiram confirmar por outros meios se os encontros de fato existiram”.
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Em contato anterior com o NSC Total, no início de abril, o advogado Pierre Vanderline disse que a acusação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) contra Deyvisonn da Silva de Souza “tem por base apenas colaboração premiada, que não restou corroborada por outras provas”.
Ao tratar dos desdobramentos da investigação, o Grupo Serrana tem comunicado até aqui, em nota ao NSC Total, que todos os seus esclarecimentos e manifestações serão realizadas exclusivamente nos respectivos processos da Operação Mensageiro em respeito ao sigilo judicial.
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