A rotina de Nicoli Fernandes tem se dividido entre cuidar da casa e das filhas, principalmente de Izis, uma bebê de 1 ano e 4 anos. A família mudou-se para Joinville há oito meses, quando veio do Paraná, e desde então tenta uma vaga para a pequena em um Centro de Educação Infantil (CEI) da cidade, ainda sem sucesso.
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Atualmente, a Rede Municipal de Ensino tem 76 CEIs próprios, além de outras 63 unidades conveniadas ao município. Ao todo são 24,5 mil crianças de 0 a 5 anos matriculadas nos CEIs municipais e conveniados. Porém, ainda há 6,5 mil crianças esperando por uma vaga, entre elas Izis.
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A mãe conta que já inscreveu a bebê na fila e aguarda desde que chegou na cidade, mas que até agora não conseguiu nenhuma vaga.
— Não está fácil. Eu estou no número 74, lá na CEI do Zilda, e até agora não saiu de jeito nenhum. Eu tentei conversar novamente, liguei e é somente esperando. O que mais me incomoda é que aquilo ali não sobe [a posição na fila] — conta.
Sem ter onde deixar a bebê, Nicoli precisou abrir mão do emprego para ficar com as crianças. Hoje todas as despesas da casa estão sob a responsabilidade do marido, cenário que seria diferente caso Izis estivesse no CEI.
— Que abrisse mais vaga ou mais CEIs, que os gestores olhassem com carinho, sabe, para nós mães, porque realmente não é uma situação fácil. O nosso lado pesa, até mesmo se eu quiser comprar alguma coisinha a mais para as meninas eu tenho que pensar três vezes mais, porque se não, vai pesar no nosso orçamento, do meu marido, que ganha um salário — desabafa Nicoli.
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Nas últimas décadas, a falta de vagas nos CEIs de Joinville motivou um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público de Santa Catarina. A medida prevê um aumento gradativo do número de vagas da rede municipal de ensino.
A coordenadora de políticas educacionais do movimento Todos Pela Educação, Nathalia Fregonesi, explica que, quando se investe em educação, os benefícios são vistos em diversas áreas, como por exemplo, na empregabilidade, economia e até nos índices de violência. Além disso, estar na escola é primordial para a criança, já que ela está em fase de desenvolvimento.
— Nesta faixa etária, o desenvolvimento da criança é muito acelerado, então o cérebro das crianças, na primeira infância, está se desenvolvendo muito rápido, então é um momento muito importante para ela estar na escola, ter contato com outras crianças, outros espaços de estímulos e também é muito importante para as famílias terem com quem deixar — cita Fregonesi.
Projeto SC Ainda Melhor
A educação básica foi um dos temas mais votados pelos catarinenses na enquete do projeto “SC Ainda Melhor”, da NSC. A votação aconteceu no primeiro semestre e resultou em cinco eixos que vão nortear a cobertura eleitoral da NSC em todas as plataformas.
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Depois disso, os veículos da NSC ouviram representantes de sete entidades de Joinville para sugerir quais devem ser as ações do próximo prefeito em cada tema: Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz, Univille, Ielusc, Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL), Associação de Joinville e Região da Pequena e Microempresa (Ajorpeme), Associação Empresarial de Joinville (Acij) e Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). As principais sugestões foram:
- Revisitar o Plano Nacional de Educação e verificar as metas que não foram alcançadas no município e criar plano para melhorar indicadores;
- Ampliar o número de vagas nos CEIs próprios ou terceirizados, para que se alcance a totalidade das crianças;
- Ampliar investimento na formação dos profissionais da educação básica;
- Implantar e aumentar a educação integral no ensino fundamental;
- Assumir o protagonismo na integração com as redes estadual, federal e instituições privadas, buscando coberturas de atendimento que contemplem as necessidades das famílias;
- Ampliar ações para incluir alunos com necessidades especiais;
- Elevar o investimento por aluno na rede municipal (R$ 12.454,71, ante R$ 14.065 em SC).
Para Alessandra Novak, que é especialista em Formação Docente, Joinville precisa avançar no atendimento a todas as crianças que necessitam de vagas na educação infantil, retomar o aprendizado que foi impactado pela pandemia e continuar investindo na formação dos profissionais.
— Primeiro, a gente precisa entender quais são as demandas de cada região, de cada bairro em relação ao número de vagas. Outra coisa é identificar quais são os déficits de aprendizagem que aconteceram, diagnosticar a sua realidade e, a partir daí, a equipe pedagógica, ela cria um plano de ação: que tipo de recomposição a gente precisa fazer, quantas vagas a gente precisa abrir, que tipo de formação a gente precisa ter também para fazer esse processo de recomposição. E uma coisa importante é a questão da inclusão. Então a gente precisa envolver e capacitar os nossos professores para fazer e aplicar a inclusão — defende Novak.
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Um outro desafio é aumentar o ensino em tempo integral nas escolas. Atualmente, dos cerca de 53 mil alunos da rede municipal, 10% frequentam aulas em escolas que oferecem o ensino em dois períodos, um índice abaixo da meta do Plano Nacional de Educação, que prevê que o ensino integral seja oferecido para 25% dos estudantes matriculados. Além disso, segundo a especialista, é importante monitorar os índices que avaliam a educação básica.
— Tem o desafio de melhorar os indicadores externos, fazer esse processo de recomposição, que é uma das consequências da pandemia, ter um número de vagas suficiente para atender a demanda, fazer formação, capacitação desses profissionais em serviço, justamente para conseguir atender a essas demandas — diz a especialista.
Outro ponto importante levantado por Novak é o diálogo entre os gestores e os professores, além de dar autonomia para que a gestão escolar possa trabalhar com as peculiaridades de cada comunidade, atendendo as demandas locais.
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