Da produção de cana até as fintechs. A megaoperação, que mirou 350 alvos e foi realizada em cerca de 10 estados, revelou todo o caminho feito por uma facção criminosa, que lavava bilhões de reais com a venda de combustíveis. Segundo a Receita Federal, a facção paulista que está no centro da investigação teria adquirido ao menos 40 fundos de investimento, com patrimônio somado de R$ 30 bilhões. As informações são do g1.
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A investigação policial revelou que o esquema passava por plantações de cana-de-açúcar, usinas, postos de combustíveis e iam até as fintechs. A atuação serviria tanto para lavar dinheiro do crime quanto para acumular lucros obtidos por meio das cadeias produtivas em que passou a atuar, com sonegação fiscal e até aquisições irregulares, sem o devido pagamento.
Cana-de-açúcar
A facção criminosa passou a coagir fazendeiros e donos de plantações de cana-de-açúcar para que eles as vendessem. Caso se negassem, os suspeitos ameaçavam incendiar as terras.
Depois, usavam distribuidoras para fazer o transporte ilegal de metanol. Lá, o grupo simulava a compra de combustíveis para emitir notas fiscais e ocultavam as movimentações de valores ilícitos. Além disso, pediam ressarcimento indevido do PIS/Confins e pagavam um percentual muito menor se comparado ao faturamento obtido.
Grupo também usava transportadora para o metanol que deveria ser entregue a empresas legítimas e adulteravam o combustível. Companhias atuavam em conjunto para fazer a fraude fiscal e a lavagem de dinheiro. Depois, terminais de armazenamento eram usados para esconder a origem e destino dos recursos ilegais.
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Postos e máquinas de cartão
Conforme o g1, alguns postos de combustível recebiam dinheiro ou valores em máquinas de cartão em suas contas e depois repassavam à facção. Ação fazia parte da lavagem de dinheiro.
Além disso, esses postos ainda usavam o combustível adulterado e colocavam menos produto do que o indicado no painel. Alguns estabelecimentos que estavam sem movimentação no período chegaram a receber R$ 2 bilhões em notas fiscais de venda de combustível, praticando venda simulada.
Também praticavam a sonegação de impostos, já que as informações de valores eram sempre menores se comparado ao faturamento. No total, a facção estaria vinculada a cerca de 1 mil postos que movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
Até um terminal portuário era usado no esquema. O metanol que chegava a um porto do Paraná era desviado do destino correto para ser enviado para adulteração.
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Fintechs
Ainda segundo o g1, as fintechs eram usadas para esconder toda a prática criminosa. Os suspeitos usavam “conta-bolsão”, que são abertas pelas fintechs em bancos comerciais e misturam os valores de todos os clientes.
Segundo informações da Receita Federal, a facção criminosa paulista que está no centro da investigação teria adquirido ao menos 40 fundos de investimento, com patrimônio somado de R$ 30 bilhões. Esses fundos teriam adquirido diversos bens de luxo nos últimos anos, incluindo seis fazendas no interior de São Paulo e até uma mansão em Trancoso, destino famoso no litoral da Bahia, avaliada em R$ 13 milhões.
Ainda conforme a Receita, os fundos controlados pela facção criminosa teriam adquirido um terminal portuário, quatro usinas produtoras de álcool, além de 100 imóveis e 1,6 mil caminhões para o transporte de combustíveis. O local do terminal portuário adquirido não foi informado.
Mandados em SC
A megaoperação, composta por cerca de 1,4 mil agentes, cumpriu mandados de busca, apreensão e prisão em Santa Catarina e outros seis estados brasileiros.
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Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) cumpriu três mandados de busca e apreensão nas cidades de Itajaí, no Litoral Norte, e em Criciúma, no Sul do Estado.
Além de Santa Catarina, a Operação Carbono Oculto aconteceu em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Rio de Janeiro. Os alvos são suspeitos da prática de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.
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