Um grupo de quatis se aproximou de uma turista na Ilha do Campeche, em Florianópolis, em uma “tentativa de assalto” às bolsas dela, provavelmente em busca de comida. O momento, registrado pela mulher, acabou viralizando nas rede sociais: no TikTok, o vídeo já somava 450 mil visualizações até esta sexta-feira (18), e quase 3 mil no Instagram.
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No registro, é possível ver cerca de cinco quatis se aproximando da mulher e indo diretamente para as bolsas. Enquanto isso, ela diz: “Não tem comida! Pode sair, não tem!”, enquanto dá risadas.
Apesar do momento divertido, a turista problematizou a situação na legenda da publicação. Ela explicou que, durante o passeio, o guia local a contou que os animais não são nativos da Ilha. “Tudo começou há muitos anos, quando turistas levaram dois quatis para lá. Eles se adaptaram, se reproduziram… E hoje são muitos”, escreveu ela.
A moça continuou com o comentário crítico. Adicionou, também, que a presença dos quatis pode ser um problema, uma vez que, em Florianópolis, eles não tem predadores naturais, o que faz com que a população só cresça.
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Uma reportagem do NSC Total de 2023 já trazia os quatis como um símbolo da Ilha do Campeche. Nela, é possível verificar que o que a turista escreveu sobre a grande quantidade dos animais na Ilha está correto.
Com hábitos noturnos, o quati é um animal carnívoro. Na Ilha do Campeche, ele é avistado nas regiões de restinga próximas à praia e no interior da mata. No entanto, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), não é possível precisar a quantidade de animais que vivem atualmente no local.
Da invasão ao sumiço: como os quatis se tornaram símbolo da Ilha do Campeche
“Pela falta de predadores naturais e oferta abundante de comida, o descontrole populacional da espécie é evidente. Estima-se que a densidade da população de quatis na Ilha seja quase o dobro da população em áreas continentais, onde a espécie é nativa”, pontuou o órgão nas redes sociais à época.
O Iphan relata, ainda, a mudança nos hábitos do quati devido ao contato com os visitantes. Como os turistas passaram a alimentá-lo, o animal deixou de caçar e buscar alimento na mata, e passou a pedir ou roubar comida dos visitantes. Algo que traz sérias consequências ao meio ambiente.
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“Dar comida aos quatis favorece o aumento populacional, que desequilibra ainda mais o frágil ecossistema e provoca situações de stress no animal, ocasionando constantes disputas por território e alimento”, complementa.
Então, quais são os cuidados que as pessoas devem ter com os quatis?
- Não alimente os quatis;
- Não toque nos quatis, apenas os observe e os admire de longe;
- Respeite os quatis e o ambiente em que eles vivem.
O que diz o Ibama
Procurado pelo NSC Total sobre a população de quatis na Ilha do Campeche, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), respondeu que os animais são uma espécie nativa do estado de Santa Catarina, mas que não ocorrem naturalmente na Ilha do Campeche, em Florianópolis, onde foram introduzidos artificialmente na década de 1950. O órgão adicionou, também, que a recomendação é não alimentá-los, evitar deixar alimentos expostos e manter sempre as lixeiras fechadas.
Quanto à sugestão de um programa de controle populacional, feita pela turista no Instagram, o Ibama esclareceu que ações dessa natureza devem ser baseadas em estudos técnicos e científicos que avaliem os impactos ambientais, sanitários e o bem-estar dos animais, e que medidas adotadas sem o devido embasamento podem gerar desequilíbrios ecológicos ainda maiores e sofrimento à fauna.
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A gestão direta da Ilha do Campeche, segundo o Ibama, é de competência municipal, por isso o órgão ambiental local, como a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), pode propor um projeto de controle populacional, como a castração, para ser analisado pelo Ibama, que é o órgão competente pela autorização de manejo de fauna silvestre em vida livre.
Leia a nota do Ibama na íntegra
“O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) esclarece que o quati (Nasua nasua) é uma espécie nativa do estado de Santa Catarina, entretanto não ocorre naturalmente na Ilha do Campeche, em Florianópolis, onde foi introduzido artificialmente na década de 1950.
A presença de quatis na Ilha, associada à ausência de predadores naturais e à oferta irregular de alimento por visitantes, tem contribuído para o aumento da população e para a intensificação do conflito entre humanos e fauna silvestre. Quando animais silvestres passam a ingerir alimentos de origem antrópica (fornecidos por pessoas ou deixados em lixeiras, por exemplo), eles tendem a modificar seu comportamento natural, se aproximando com mais frequência das pessoas em busca de alimento, o que pode gerar riscos tanto à fauna quanto à população.
As principais recomendações são:
• Não alimente os quatis;
• Evite deixar alimentos expostos, mantenha sempre as lixeiras fechadas e, sempre que possível, utilize recipientes que dificultem o acesso dos animais (como lixeiras com pedal ou tampas pesadas);
• Mantenha distância dos animais, evitando qualquer tipo de aproximação que possa causar perturbação. Nunca tente tocar nos quatis. Em caso de mordidas ou arranhões, é fundamental procurar imediatamente atendimento médico.
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Quanto à sugestão de um programa de controle populacional, o Ibama esclarece que ações dessa natureza devem ser baseadas em estudos técnicos e científicos, que avaliem os impactos ambientais, sanitários e o bem-estar dos animais. Medidas adotadas sem o devido embasamento podem gerar desequilíbrios ecológicos ainda maiores e sofrimento à fauna.
A gestão direta da Ilha do Campeche é de competência municipal, por isso o órgão ambiental local, como a Floram, pode propor um projeto de controle populacional, como a castração, para ser analisado pelo Ibama, que é o órgão competente pela autorização de manejo de fauna silvestre em vida livre.
Por fim, o Ibama recomenda que, sempre que houver situações recorrentes de impacto negativo causado por animais silvestres, a prefeitura ou o órgão ambiental municipal entre em contato com o Instituto. Dessa forma, será possível avaliar tecnicamente a situação e buscar as estratégias mais adequadas para promover a convivência segura entre pessoas e fauna, respeitando os princípios da conservação ambiental”.
*Sob supervisão de Giovanna Pacheco
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