Enio Lima, de 41 anos, é paulista, mas se considera um catarinense de coração. Isso porque aos quatro anos de idade ele se mudou para Concórdia, que fica no Oeste de Santa Catarina, onde viveu por 17 anos até se mudar para Florianópolis, no ano 2000. No início de 2024, o artista recebeu o prêmio de melhor colagem no Salão Internacional de Artes de Madrid, na Espanha, pela obra “REGINA”, que foi produzida unicamente com revistas recicladas da Vogue e é inspirada na Virgem Maria.

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Agora, sR Lima, nome artístico do colagista, terá uma exposição com uma série de “Reginas” que abre na próxima sexta-feira (6), na Galeria Lama, Centro Leste de Florianópolis, a partir das 18h.

Todas as 15 colagens são retratos de mulheres multiculturais e diversas, inspirados nessa “obra mãe” que estará na parede principal da mostra, com curadoria de Meg Tomio Roussenq.

A escolha da representação da Virgem Maria, para ele, não está relacionada a um propósito religioso, e sim na inserção da imagem dela em sociedades multiculturais ao redor mundo.

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— A Virgem Maria é conhecida por suas inúmeras designações honoríficas, relacionadas a sua identidade social. Regina é uma das designações de Maria. Significa rainha dos céus. Esse nome foi escolhido com o intuito de retirar a carga religiosa tradicional de Maria para emergir em um símbolo de multiplicidade e inclusão. São trabalhos que buscam acolher corpos, vozes, vivências e modos de existir, ao permitir que cada identidade, em sua unicidade e pluralidade, seja vista e ouvida — esclarece o artista.

Por que só revistas da Vogue?

Enio começou a trabalhar profissionalmente com colagens há três anos. Inicialmente, a ideia era fazer as obras com revistas recicladas diversas, mas ele mudou de ideia no meio do caminho, decidindo que trabalharia somente com a revista Vogue.

— As revistas semanais, como a Veja, tem o papel fino e não traziam o efeito que eu queria — explica ele.

As revistas de moda, por outro lado, possuem uma qualidade melhor do papel, com mais cores e mais conteúdo, de acordo com o sR Lima.

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Um dos princípios do artista é que elas nunca são compradas: ele consegue as revistas por meio de doações de conhecidos. Em alguns momentos, ele até as solicita pelas redes sociais. Na exposição, estarão presentes convidados que o ajudaram neste processo.

Conheça as obras

Diferentemente de muitos colagistas, Enio diz que permanece no “analógico”, não fazendo o uso de nenhuma tintura por cima das obras, e sim trabalhando com centenas de papéis que são recortados geometricamente e colados um a um.

— Perceber e produzir recortes é um processo que requer algo que as sociedades modernas não têm mais: tempo. É um processo fisicamente exigente que leva meses até ficar pronto — conta sR Lima.

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Formado em Administração e Marketing, Enio atua paralelamente com a arte. Além da premiação na Europa, ele tem também o prêmio de diversidade cultural do Ministério da Cultura do Brasil, na categoria Agente Cultura Viva de LGBTQIA+, também conquistado neste ano. A classificação, segundo ele, foi a primeira de Santa Catarina nesta categoria.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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