Os advogados Fernanda Morales Teixeira Barroso e Hércules Praça Barroso foram presos nesta terça-feira (17) por suspeita de matar o casal de clientes, José Eduardo Ometto Pavan e Rosana Ferrari, em abril deste ano. De acordo com as investigações, eles teriam falsificado documentos para enganar as vítimas e conseguir aplicar um golpe de cerca de R$ 15 milhões. As informações são do g1.

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Além dos advogados, a Polícia Civil também prendeu os dois executores do crime na terça-feira (17): Carlos César Lopes de Oliveira, de 57 anos, e Ednaldo José Vieira, de 54 anos. As prisões ocorreram durante a Operação Jogo Duplo, deflagrada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em São Paulo. 

Os investigados devem responder por homicídio qualificado, associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e ocultação de cadáver. 

A defesa dos advogados, no entanto, afirmou que “trata-se de um caso muito curioso, tendo em vista que as provas são frágeis na indicação inclusive do homicídio”.

— Havia uma relação entre as partes, uma relação de escritório de advocacia, onde honorários eram pagos através de imóveis, não eram pagos em espécie. Nós vamos conseguir provar a inocência do casal. Agora está iniciando a fase de tomada de depoimentos, mas vamos comprovar que realmente a única relação que havia era justamente a de advogado-cliente, nada mais do que isso — declarou o advogado Reginaldo Silveira.

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Os corpos de Fernanda e Hércules foram encontrados pela polícia em um veículo estacionado em uma chácara, na serra de São Pedro (SP), no dia 6 de abril. O homem estava com as mãos amarradas e a mulher na caçamba do veículo. 

Advogados foram ao velório do casal

Em entrevista à EPTV, o irmão de Rosana contou que a advogada foi ao velório da cliente.

— Chorei, me deu raiva, uma agonia. Eu espero por justiça, não foi um crime assim de nervoso, de briga, de nada, foi um crime premeditado, que eles premeditaram há muito tempo.

Quem são os advogados suspeitos de matar clientes? 

Fernanda e Hércules têm um escritório de advocacia que funciona desde 2007 em São Carlos (SP). O estabelecimento tem como foco as áreas de Direito Civil, Imobiliário, Trabalhista, Tributário e do Consumidor. Em pesquisa feita no Cadastro Nacional de Advogados (CNA), tanto Hércules quanto Fernanda aparecem com “situação regular” para trabalhar na área.

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Em nota, à Subseção São Carlos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou estar acompanhando as diligências.

“É importante ressaltar que a OAB-SP, por meio de seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED), apura qualquer infração que chegue ao seu conhecimento”, escreveu, em nota. E acrescentou que junto ao TED “adotará as medidas de apuração cabíveis”.

Além do escritório, também consta uma microempresa na área de atividades paisagísticas em nome do casal, desde outubro de 2016.

O golpe 

Segundo as investigações, o casal de advogados falsificou documentos para enganar as vítimas e conseguir se apropriar de cerca de R$ 12 milhões em imóveis e mais de R$ 2,8 milhões em pagamentos de custos processuais inexistentes. 

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Eles, segundo a Polícia Civil, produziram falsos comprovantes de pagamento e até uma ação judicial falsa para convencer o casal a realizar os depósitos. 

Em agosto de 2022, Fernanda Barroso foi incluída como sócia de uma empresa de José Eduardo e Rosana, no ramo imobiliário. Conforme informações da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), quando a inclusão aconteceu, o valor de participação da advogada no negócio era de pouco mais de R$ 120 mil.

Após a apropriação dos bens concluída, os advogados encomendaram a morte das vítimas, informou a Polícia Civil. 

— Imaginamos que eles arquitetaram o crime para se apossar de forma definitiva dos bens das vítimas, porque eles [vítimas] não tinham descendentes. Era um casal sem filhos. Os pais também já são falecidos e os bens deles estão no nome dos advogados. Eles morrendo, quem questionaria isso? — afirma a delegada Juliana Ricci.

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