O cantor Raul Seixas completaria 80 anos em 2025. A data tem rendido homenagens ao “maluco beleza”, que incluem uma série biográfica no Globoplay e a exposição Baú do Raul no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, que começou neste final de semana.
Continua depois da publicidade
O que poucas pessoas lembram, no entanto, é que o artista teve passagens marcantes com shows em Santa Catarina na reta final da carreira. No fim de semana em que se celebra o Dia Mundial do Rock, relembre alguns detalhes de passagens de Raul por SC:
Veja imagens de Raul em SC
Raul se apresentou em cidades de SC em uma miniturnê do álbum A Panela do Diabo, último trabalho do rockeiro, lançado em parceria com Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus. O disco foi lançado no ano de morte do cantor, que faleceu aos 44 anos, em 21 de agosto de 1989. A turnê, portanto, acabou sendo uma espécie de despedida do rockeiro, com mais de 50 shows em todo o país. As apresentações já tinham Raul mais debilitado pelo alcoolismo e pelos problemas de saúde, que o levaram à morte por pancreatite aguda.
Os últimos shows de Raulzito em SC ocorreram entre 1988 e 1989 — não há registros específicos das datas das apresentações. O “maluco beleza” se apresentou na danceteria Pirâmide, em Palhoça, na casa noturna Circus, em Criciúma, e também em um ginásio em Itajaí.
Continua depois da publicidade
O jornalista João José da Silva, de Palhoça, conta que Raul desembarcou no Aeroporto de Florianópolis com Marcelo Nova e outros músicos da banda, mas antes de seguir para Palhoça o artista teria “esticado o roteiro”, indo a um bar na Praia da Joaquina, na Capital. O rockeiro teria chegado a Palhoça perto da hora do show, embriagado. No palco, com dificuldade para cantar, Raul chegou a ser vaiado e ter latas atiradas contra ele pelo público. Só a presença do maluco beleza, no palco, no entanto, já serviu para ficar na memória de quem testemunhou o show.
— Raul se apoiava no pedestal, esquecia parte da música, mas o Marcelo Nova assumia os vocais. Ele cantou umas sete músicas, junto do Marcelo — lembra o jornalista.
O músico Cidão França, que durante décadas fez shows como cover de Raul Seixas em Palhoça, estava na plateia do histórico show e levou as duas filhas. A filha mais jovem, Michele Martins, que hoje cuida do pai após ele sofrer problemas de saúde, conta que o show de Raul foi o primeiro a que ela assistiu na vida, e que ficou na memória.
— Eu tinha apenas 14 anos, mas já curtia muito as músicas do Raul. E o show foi inesquecível. Vivenciar aquele momento com meu pai foi algo indescritível. Ele parecia estar realizando seu maior sonho. Sua emoção, seu choro ao ouvir seu ídolo tocar foi algo lindo de se ver — relembra Michele.
Continua depois da publicidade

Passagens também em Criciúma e Itajaí
O show foi contratado pelo produtor Edgard Sheng, já falecido. A turnê também incluiu as apresentações em Criciúma e Itajaí. Na cidade do Sul do Estado, Raul encontrou o tatuador e artista plástico Hedinho Nunes Júnior. Antes do show, os dois se encontraram em um calçadão em que Hedinho vendia artesanatos.
— Eu já tinha conhecido o Raul em um festival estilo Woodstock em Águas Claras (SP). Quando olhei, vi ele com uma bota com solado plataforma, cheio de broches e botons na roupa — recorda o artista.
Em seguida, foram para um bar com cancha de bocha no Centro da cidade. Um violão apareceu e Raul deu até uma “canja” no bar, mas o tumulto que aumentava despertou a ira de um atendente, que expulsou o grupo. A pedido do empresário de Raul, Hedinho foi com o cantor para o hotel em que ele estava hospedado, para impedir que ele bebesse até a hora do show. No quarto, no entanto, Raul tirou uma garrafa de vodca da mala que havia levado. Apesar da missão de manter a atração principal da noite sóbria não ter sido bem-sucedida, o show aconteceu normalmente à noite. Ficaram da experiência uma foto de Hedinho ao lado de Raul e uma mecha de cabelo que o artista tirou durante o dia que passaram juntos.
Vídeos no YouTube recordam a passagem de Raul por Itajaí, com uma entrevista em que o cantor confirma ser anarquista e faz críticas à política brasileira — o país voltou a ter eleições presidenciais no ano da morte de Raul, em 1989. Outro vídeo mostra pouco mais de meia hora do show, com o artista cantando clássicos como “maluco beleza” e embalando o público.
Continua depois da publicidade
Leia também
Ex-mecânico de SC larga ferramentas, abraça amor pelas abelhas e ganha certificação inédita
5 cidades europeias para quem ama música, história e gastronomia
Confira as músicas mais tocadas em SC nos últimos anos segundo o Ecad











