Adilso Cúnico, de Xaxim, no Oeste catarinense, recebeu o Selo Arte em 2024, certificado que garante a produção manual e natural dos produtos. Até o momento, o apicultor é o único do município a receber a certificação.

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Aluno do Centro de Educação Profissional (Cedup), de Campo Erê, Adilso atuou no ramo de máquinas pesadas e foi mecânico até 2020, quando resolveu pôr em prática os ensinamentos de apicultura que aprendeu durante as aulas.

Com o tempo, o apicultor conseguiu transformar esse conhecimento em sua principal fonte de renda. Agora, Adilso possui aproximadamente 450 colmeias de Apis mellifera, a abelha-europeia com ferrão, e atua na apicultura migratória, onde colmeias são deslocadas para outras regiões para aproveitar as floradas em diferentes épocas do ano.

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A prática agrega mais diversidade ao mel do apicultor, já que as abelhas conseguem produzir o mel monofloral e também o Melato de Bracatinga. Além disso, o homem produz cera alveolada e extrato de própolis, que também são distribuídas em supermercados, padarias e ao consumidor final, junto com o mel.

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Com o certificado em mãos, os produtos estão conquistando novos mercados.

— O certificado abre novos caminhos, novas portas para a venda desse produto. Quando você tem um selo municipal, estadual, ele te permite vender dentro dessa legislação. Com o Selo Arte a gente ganhou uma amplitude maior para a comercialização desse produto — destacou Adilson, em conversa com o NSC Total.

Para ele, a certificação foi conquistada com muito esforço e incentivo, principalmente pela extensionista da Epagri, Ires Cristina Ribeiro Oliari.

— A Ires e a Epagri foram fundamentais na busca da certificação. Se não fosse o apoio da Epagri aos produtores de Santa Catarina, seria muito difícil — destacou o apicultor.

Organização e desafios

O produtor precisa realizar a troca das rainhas constantemente e preparar novos enxames para garantir a diversidade genética e aumentar a produção de mel de forma saudável. O trabalho só é interrompido quando as condições climáticas não são favoráveis para o manejo.

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Além disso, os agrotóxicos e a expansão das torres de celular que emitem sinais eletromagnéticos também são alguns desafios encontrados na atividade. 

— As mudanças climáticas são desafiadoras e essa desordem, sem dúvida, afeta a produção. Além disso, o aumento da emissão de ondas eletromagnéticas representa um problema, porque as ondas emitidas pelas torres de telefonia desorientam as abelhas, muitas saem para o campo e não voltam. Isso sem falar do uso excessivo de agrotóxicos que provoca a morte de muitas abelhas — observa o produtor.

— Não é difícil. Dá trabalho, mas é gratificante no final porque a gente não só colhe, mas cultiva e ajuda a manter a espécie para a biodiversidade, para a polinização, para conseguir alimentos e frutas— afirma Adilso

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Incentivo e cuidados com o meio ambiente

Mesmo com a produção, o apicultor também mantém duas caixas de abelha sem ferrão, das espécies Jataí e Mirim Emerina, para incentivar e sensibilizar o filho de 7 anos sobre a importância das abelhas para o meio ambiente. 

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— A gente usa essas abelhas sem ferrão para ele pegar amor pelas abelhas. Para quando ele tiver idade e estiver pronto para ir para o campo, ele dê continuidade — disse o apicultor.

O produtor acredita que, assim como ele foi estimulado durante as aulas, outras crianças e jovens podem conhecer e se interessar pela apicultura através de cursos de capacitação e estágios na área.

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— A abelha é muito importante. Não só na produção do mel, mas também na polinização. O pessoal está a cada dia mais entendendo que a abelha é um serzinho importante, não só na quantidade de flores fecundadas, mas na qualidade dos grãos também — pontua Adilso.

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O apicultor defende ainda que “é essencial conversar com as pessoas que têm curiosidade sobre como as abelhas se organizam nas colmeias e o impacto disso na produção agrícola. É importante não deixar a população de abelhas diminuir. Quanto mais abelhas, mais alimento a gente tem na mesa”.

SC é destaque na exportação de mel

Santa Catarina é destaque na exportação de mel, ocupando a terceira colocação, atrás apenas do Piauí e de Minas Gerais. A maioria dos produtores catarinenses se concentram nas regiões do Extremo-Oeste (32%), Oeste (18%) e Meio-Oeste (16%). 

O município de Xaxim, localizado na região Oeste, é o sétimo no ranking de maiores produtores de mel em Santa Catarina, com mais de 35 apicultores filiados à Associação de Criadores de Abelhas de Xaxim e Região (ACAXR).

Segundo Ires Cristina Ribeiro Oliari, extensionista rural, a maioria desses apicultores são produtores familiares, cuja atividade é uma fonte secundária de renda.

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— Muitos produzem mel para consumo próprio e para distribuir para amigos e familiares. Outros comercializam de forma direta, informalmente ou ainda, terceirizam a comercialização, uma vez que a cidade é sede da Sul-Mel, empresa de beneficiamento de produtos, responsável por legalizar e distribuir o produto — informa.

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