É em uma casa de estilo enxaimel, de paredes amarelas, que parte da história de Joinville é preservada. Essa história é contada a partir da trajetória de uma família, que começou na Alemanha, passou pelo Rio de Janeiro e continua sendo contada na maior cidade de Santa Catarina. Às margens da BR-101, no bairro São Marcos, o antiquário Oma Schneider guarda relíquias que relembram momentos importantes do município e também da vida de Werner e Isolde Schneider.

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Quem foi Oma Schneider

Isolde nasceu e foi criada em Joinville, cidade do Norte catarinense. Logo cedo, casou-se com Werner Schneider e herdou o sobrenome da família. Juntos, construíram uma casa enxaimel na rua Vitória Régia, às margens da BR-101, durante os anos 50.

A construção segue o modelo de casas típicas da Alemanha, com paredes erguidas a partir de uma estrutura de madeira e com telhado íngreme para evitar o acúmulo de neve — comum no país europeu. No local, passaram algumas gerações da família Schneider.

Isolde trabalhou na lavoura durante grande parte da sua vida. Faleceu, aos 93 anos, ainda lúcida e trabalhando pesado, como conta sua neta Cassiana Valim. Já Werner morreu em dezembro de 2011, dez anos antes de sua esposa Isolde.

Ele atuou por anos na Fundição Tupy. Devido a um problema de saúde, no entanto, precisou deixar a empresa e passou a vender leite na região do bairro São Marcos. À época, por causa do seu novo negócio, Werner ficou conhecido como o “Schneider do leite”.

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Da relação do casal nasceram dois filhos, incluindo Ingrit Schneider Valim, uma das idealizadoras do antiquário.

Fotos que relembram a história de Isolde e Werner estão espalhadas pelas paredes do antiquário Oma Schneider, que foi aberto na mesma casa em que moraram e criaram seus filhos.

Antiquário Oma Schneider

O antiquário foi nomeado em homenagem a Isolde, já que “Oma” significa “avó” em alemão — e é um termo bastante utilizado por descendentes que vivem em Joinville. A ideia de criar o local veio do marido de Ingrit, o Anisio Valim.

— Meu pai começou com essa paixão por antiguidades. Então, tudo quanto é antiguidade, ele veio garimpando ao longo dos anos — revela Cassiana, filha do casal Ingrit e Anisio e neta dos Schneider.

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Cassiana embarcou na ideia do pai e, em janeiro de 2025, eles criaram o Oma Schneider. O local iniciou com um acervo familiar: fotos, louças, discos e móveis produzidos pelo próprio Anisio. Aos poucos, eles foram ampliando os bens.

— O meu pai trabalha com esquadrilhas de alumínio, então ele ia na casa das pessoas e falava: “ah, e esses discos aí?”. Ele ia, muitas vezes, em casas de clientes, de amigos, colegas, e sempre ficava com o radar ligado. E aí muita gente, que sabia do gosto dele por esse tipo de hobby, acabava oferecendo: “Não quer comprar meu vinil?”. Então o começo foi assim — relembra.

Para crescer o negócio, a família começou a prospectar compradores e vendedores em eventos de antiguidades, além de utilizar a rede social para alcançar público em outras cidades e estados. Segundo Cassiana, os primeiros clientes do antiquário vieram do Facebook.

— Tem pessoas que fazem coleção específica de alguma coisa. Tem arquitetos, por exemplo, que querem fazer algo diferente no projeto deles. Eu atendi, na semana passada, um rapaz que falou: “eu não compro nada de MDF para a minha casa. Eu compro móveis antigos pela qualidade”. Ele viu um sofá de dois lugares e falou: “esse sofá que eu quero”. Tava perfeito o estado, apesar de ser dos anos 60. [O cliente] saiu feliz com o sofá, que ele sabe que é uma coisa que nunca vai se acabar — conta Cassiana.

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Ela relembra, ainda, outra venda que fez recentemente. Na ocasião, o cliente escolheu uma poltrona antiga. Quando estava colocando o móvel no carro, porém, voltou ao empreendimento pois, antes de ir embora, queria saber qual era a história da nova aquisição que ele estava levando para casa.

Se tem pó, tem história

De órgão de fole alemão a louças com fio de ouro, o lema do antiquário Oma Schneider é que se uma relíquia tem pó, é porque ela tem uma história fascinante por trás. Seja em uma música, por meio dos quatro mil discos da casa, ou em lembranças que contam uma caneca de eventos da década de 70.

As relíquias mais “diferentonas” do antiquário

Como visitar antiquário

O antiquário Oma Schneider fica localizado na rua Vitória Régia, número 36, no bairro São Marcos. A família recebe visitantes e possíveis compradores apenas com hora marcada. A visita pode ser agendada pelo contato (47) 99104-7435.

— Eu fico feliz de mostrar a casa dos meus avós. De dizer que eu brincava naquela escada, rolava escada abaixo com o cobertor de pena na época. Acho legal falar da história da família e gosto do fato de a história ser passada para frente — diz Cassiana.

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