Há 60 anos, em 1º de maio de 1962, teve início a excursão europeia do Metropol, um time de futebol de Criciúma que ganhou aura de lenda nos 10 anos em que competiu profissionalmente.
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A estreia na Europa foi com empate em 2 a 2 com o Deportivo de La Coruña na casa da equipe espanhola, o Estádio Municipal de Riazor. O atacante Elário apresentou a equipe catarinense aos europeus com um gol de bicicleta.
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Naquela década, os times brasileiros passaram a excursionar pelo Velho Continente, encantado com o futebol do Brasil desde a conquista pela Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, que apresentou Pelé ao mundo. Foi nesse contexto que o time criciumense, que reunia jogadores profissionais e ex-trabalhadores do carvão, levou o nome de Santa Catarina à Europa.
Ao todo, foram 23 jogos em cinco países da Europa, com 13 vitórias, 6 empates e 4 derrotas no período, segundo o escritor, chargista e roteirista criciumense Zé Dassilva. Ele reuniu causos no livro “Histórias que a bola esqueceu – a incrível trajetória do E. C. Metropol e de sua torcida”, já em sua terceira edição, e recuperou fotos com testemunhas daquele time repleto de lendas.
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Veja imagens da excursão
Entre as histórias da viagem do Metropol contadas no livro, está a de um romance do jogador Zezinho Rocha com uma garota da Romênia. À época, o governo local reprimia cidadãos que fizessem contato com estrangeiros. Ao ser flagrada com o atleta do Metropol, a jovem foi presa, e ambos nunca mais se viram.
Meses depois, já em Criciúma, Zezinho recebeu uma carta da moça, mas escrita em romeno, o que ele não conseguiu traduzir. Quando, enfim, se casou com uma brasileira, batizou a primeira filha de Sukosd, nome de sua paixão romena. A herdeira vive até hoje em Criciúma, na vila operária onde surgiu o Metropol, segundo Zé Dassilva.
Equipe à frente do tempo
Até 1959, o Metropol apenas era um equipe amadora de funcionários da Carbonífera Metropolitana, mineiros na extração de carvão em Criciúma. A partir daí, no entanto, o time teve uma guinada à profissionalização com a sociedade Freitas-Guglielmi, à frente da empresa, que viu no futebol uma forma de minimizar a insastisfação da comunidade local com um trabalho tão insalubre e conter as greves recorrentes.
O plano deu certo. Com atletas profissionais de diferentes lugares, além de ex-mineiros talentosos no esporte, o time foi cinco vezes campeão catarinense até 1969 e passou a ter simpatia até de torcedores de outras partes do Estado, por fazer frente ao Grêmio na chave sulista da Taça Brasil, que venceu em duas ocasiões.
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A aposta da carbonífera no futebol para melhorar sua imagem, o que hoje já é tratada como uma estratégia de marketing, foi só uma das inovações do Metropol à época, segundo o autor do livro sobre a equipe.
— Teve coisas que nenhum clube tinha. Tocar um time como uma empresa, por exemplo, coisa da qual só foram falar décadas depois. Eles tinham departamento físico também — relembra Zé Dassilva.
O jornalista e comentarista Roberto Alves, que testemunhou a ascensão meteórica do Metropol, corrobora o relato sobre o perfil vanguardista do time de Criciúma.
— O Metropol foi um dos primeiros clubes brasileiros a utilizar, por exemplo, um uniforme de viagem, com terno, gravata, sapato, um traje completo — disse à reportagem.
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O encerramento das atividades profissionais veio com o fim da sociedade que mantinha a equipe e era responsável pela carbonífera. Uma eliminação para o Botafogo na Taça Brasil de 1968 também frustrou o projeto futebolístico da família que investia no Metropol, com o dirigente Dite Freitas à frente dos trabalhos.
O clube funciona hoje de maneira amadora. Na mesma vila onde o Metropol surgiu, em Criciúma, também vivia ainda o ex-zagueiro Flázio Campo, que participou daquela excursão na Europa. Ele faleceu na última sexta-feira (29), aos 83 anos.
— Foi um dos jogadores mais elegante que já conheci, de qualidade impressionante. Naquela época, era um zagueiro que já saía jogando, sem dar chutão nem bico na bola. Fez parte de uma das defesas mais sólidas daquele time do Metropol — disse Roberto Alves.
A trajetória do clube também já foi contada por Zé Dassilva, que trabalha ainda como roteirista, em um documentário. Ele capta agora recursos para encenar a história do Metropol em um filme com atores.
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O roteiro já está pronto.
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