Blumenau registra os primeiros casos de sarna nesta semana dias após cidades do Litoral Norte viverem um surto da doença. São, até agora, duas ocorrências confirmadas pela Vigilância Epidemiológica do município. Em todo o Vale do Itajaí há ocorrências de escabiose (sarna humana) em creches de Balneário Camboriú, Itapema, Camboriú e Porto Belo.

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Não foi confirmado até o início da tarde desta quarta-feira (26) em quais locais os casos foram registrados em Blumenau, tampouco se infectaram crianças ou adultos. Ambos seguem sendo acompanhados por agentes epidemiológicos, ressaltou a prefeitura.

Já no Litoral Norte, o município com o maior número de casos de sarna é Balneário Camboriú. No momento, há pelo menos 50 crianças em tratamento. Três creches seguem com aulas suspensas, sendo que em duas delas — nos Núcleos de Educação Infantil Odácia Teresa Damásio e Pequeno Mundo — a previsão é de que o atendimento retorne apenas em 1º de julho.

O NEI Brilho do Sol segue interditado apenas nesta quarta-feira (26) depois de identificar três casos da doença. O local passa por higienização e deve ser reaberto nesta quinta (27), conforme informado pela prefeitura.

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Em Balneário Camboriú, os primeiros registros de sarna ocorreram no início de junho, no NEI Sementes do Amanhã, que atende cerca de 300 crianças. À época, uma força-tarefa com 24 profissionais chegou a ser mobilizada para fazer a limpeza do local (veja nas fotos abaixo). A reportagem tentou um levantamento do número total de infectados pela doença até agora na cidade, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

Além de Balneário Camboriú, as cidades de Camboriú, Itapema e Porto Belo estão com casos confirmados da doença. Em Itajaí, dois seguem sendo investigados, neste momento, pela Secretaria de Saúde em duas creches do município. Por lá, desde o começo de 2024, outros três casos já foram registrados em unidades da cidade.

Veja abaixo a situação em cada município.

Camboriú

Conforme informado pela Secretaria de Educação de Camboriú, há 25 casos confirmados e espalhados pelas 34 unidades de ensino da rede municipal. Até a última segunda-feira (24), tinham sido registrados apenas três, com laudo médico, em três creches distintas. Um novo levantamento nesta quarta (26), no entanto, detectou um total de 25 casos, sendo 21 estudantes e quatro profissionais da educação, que já estão afastados das atividades.

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Em nota oficial, a prefeitura ainda ressaltou que está tomando “todas as medidas necessárias para garantir a saúde e o bem-estar de alunos, funcionários e suas famílias”.

Itapema

Atualmente, há cinco casos confirmados em Itapema, sendo três no Centro Municipal de Educação Infantil Clube do Mickey, no bairro Várzea, outro na escola Bento Eloi e mais um na escola Paulo Reis.

Todos os locais, porém, já foram higienizados e as aulas seguem acontecendo normalmente em toda a rede municipal de ensino.

Porto Belo

Conforme a prefeitura, Porto Belo identificou quatro casos de sarna na mesma creche, no chamado Núcleo de Desenvolvimento Infantil Lauro Manoel Mendonça. O local deve passar por um processo de limpeza nesta quinta-feira, assim como todas as demais unidades da cidade. Por conta de uma formação com professores programada para este dia, nenhuma delas terá atendimento aos alunos, conforme consta no calendário da cidade.

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As aulas no NDI Lauro Manoel Mendonça retornam apenas na segunda-feira (1º), por conta dos casos notificados. As demais unidades reabrem nesta sexta (27).

Especialistas avaliam possível relação com uso da ivermectina

Estudos recentes avaliam que o uso desenfreado – e não recomendado – de ivermectina para Covid-19 pode estar por trás do surto de escabiose, doença popularmente conhecida como sarna. Essa relação foi identificada por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que publicaram em 2021 sobre a super-resistência adquirida pelo ácaro Sacorptes scabiei, responsável pela doença. Ao longo dos últimos anos, diversos surtos têm sido registrados em diferentes cidades no Brasil.

— Não podemos afirmar (que seja o caso de Balneário Camboriú) sem a avaliação da resistência do parasita. Mas é uma possibilidade, sim — disse o Superintendência de Vigilância em Saúde de Santa Catarina, o médico infectologista Fábio Gaudenzi de Faria, à colunista Dagmara Spautz.

Ainda de acordo com ele, há uma fragilidade de dados sobre a doença porque a escabiose não tem monitoramento previsto pelo Ministério da Saúde. É recomendável que os municípios indiquem a ocorrência de surtos à Vigilância, mas nem todas as cidades o fazem.

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A sarna, vale lembrar, é uma doença altamente infecciosa causada pelo ácaro parasita Sarcoptes scabie. Ele é transmitido pelo contato entre pessoas ou mesmo através das roupas. As lesões mais comuns ocorrem entre os dedos das mãos, que serve de veículo para levar a escabiose a outros pontos do corpo, principalmente coxas, nádegas, axilas e cotovelo.

*Sob supervisão de Augusto Ittner

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