Santa Catarina registrou um fenômeno raro em dois finais de semana de junho, no período de transição do outono para o inverno. Pelo menos seis tornados foram registrados no Estado de acordo com a Defesa Civil, afetando cidades como Passos Maia, Xavantina, Belmonte, Descanso, São José do Cerrito e Lages, além, ainda, de indícios de um outro tornado em Campos Novos.

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Entre os dias 22 e 23 de junho, a passagem de uma frente fria por Santa Catarina favoreceu o desenvolvimento de tempestades, algumas delas severas, com ventos de mais de 100 km/h.

Nesses dias, com o auxílio de radares meteorológicos, satélites ambientais e sobrevoos aéreos com drone, a Defesa Civil confirmou a ocorrência de fenômenos como, por exemplo, o tornado na cidade de Passos Maia. Houve também registros de frentes de rajada e microexplosões.

Posteriormente, junto com a Plataforma de Registros e Rede Voluntária de Observadores de Tempestades Severas (PREVOTS) foi possível levantar que mais ocorrências relacionadas à destelhamentos, danos na rede elétrica e vegetação foram atribuídas à formação dos tornados.

Veja fotos de tornados em SC

Foram registrados danos severos na vegetação em Passos Maia em decorrência do tornado, como tombamento de árvores de grande porte, assim como destruição de infraestruturas, incluindo galpões e residências.

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Os outros cinco municípios também tiveram danos relacionados a tornados durante o período. Inclusive, entre Belmonte e Descanso foi observado a ocorrência tanto de microexplosão quanto de tornados.

Indícios de tornado em Campos Novos

No final de semana seguinte, no dia 29 de junho, a cidade de Campos Novos, no Meio-Oeste, foi atingida por uma tempestade severa que provocou chuvas fortes e vendavais. A tempestade resultou em destelhamentos, queda de árvores, danificação da rede elétrica e alagamentos em diversos pontos da cidade.

A comunidade de Boa Esperança, no interior do município, foi a mais atingida. Foram registrados indícios de um possível tornado, como a remoção parcial dos telhados e a distribuição dos danos. Mas, devido à distância do radar meteorológico de Chapecó e Lontras, maior que 150 km, não foi possível identificar características típicas de tornado nas medições. 

A tempestade também foi considerada uma supercélula, com maior potencial para ventos fortes e chuva intensa. A estimativa é que os ventos na região tenham atingido uma velocidade entre 90 e 100 km/h no momento mais intenso da tempestade.

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É comum essa quantidade de tornados?

O meteorologista da Defesa Civil, Fernando Rafael, afirma que os levantamentos sobre esses fenômenos são recentes, com uso de satélites, radares mais modernos e até mesmo drones. Por isso, ainda não há climatologia, ou seja, estudos dos padrões de comportamento do clima, relacionados aos fenômenos.

— Apesar de não ter climatologia, seria razoável afirmar que esse mês teve uma atividade mais incomum desse tipo de ocorrência. Não é tão comum termos eventos associados a tempestades severas tão frequentes — explica.

De acordo com as evidências preliminares, foram seis tornados confirmados entre os dias 22 e 23 de junho, e os indícios de tornado em Campos Novos no dia 29, sem confirmação por conta da distância do radar meteorológico.

Em comparação, no ano passado, por exemplo, a Defesa Civil só registrou um tornado no município de Passos Maia no dia 2 de maio, mesmo município que teve registro do fenômeno nesse ano.

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Fenômenos evidenciam características do clima do Sul

Em outras partes do Brasil, como as regiões centrais e o Norte, o verão tem maior riscos associados às chuvas. Porém, em Santa Catarina o risco continua significativo ao longo de todo o ano.

Ainda que a frequência e os volumes de chuva diminuam no outono e no inverno, o potencial para tempestades severas continua elevado. Um exemplo desse período que ficou marcado na história do Estado foi o “ciclone bomba”, ocorrido no inverno de 30 de junho de 2020.

Na ocasião, foram registrados ventos superiores a 100 km/h em grande parte do Estado, que deixaram mortes e mais da metade das unidades consumidoras de energia do Estado sem fornecimento.

Por conta disso, o acompanhamento da Gerência de Monitoramento da Proteção e Defesa Civil é contínuo, com o objetivo de avaliar possíveis riscos à população catarinense.

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