Farmácias comerciais e unidades públicas de saúde em Santa Catarina têm registrado falta de antibióticos, com baixa nos estoques e dificuldade para a aquisição deles no mercado. Há também relatos de escassez de outros remédios indicados para sindromes respiratórias, como xaropes, pastilhas, antitérmicos e antigripais.

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Em Florianópolis, a rede pública municipal já reconhece falta de amoxicilina e azitromicina desde a semana passada. A Secretaria Municipal de Saúde (SES) da capital explica que o problema se deve ao atraso na entrega pelos fornecedores, que alegam dificuldades no mercado nacional.

Entre farmácias comerciais, ao menos três redes, duas delas com cerca de 100 lojas no Estado, também relataram lidar com a crise. Farmacêuticos têm orientado pacientes a buscarem um novo direcionamento médico sobre um eventual substituto evitando prejudicar o tratamento de doenças.

“Em números, estimamos que 80% dos antibióticos estão com estoques comprometidos”, escreveu Alecsandro Cordeiro Manso, gerente comercial da rede StyloFarma, à reportagem.

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Ele associou a escassez ao recente surto de doenças respiratórias, que teria consumido o equivalente a um semestre de demanda da indústria em apenas um mês.

— Como temos liberado eventos, estamos sem uso de máscara, e as escolas voltaram, a transmissão das sindromes gripais tem ocorrido de maneira maior, o que aumentou a demanda por esses medicamentos — disse, à NSC TV, Lígia Hoepfner, que coordena uma comissão de secretários municipais de Saúde do Médio Vale do Itajaí.

O governo federal também reconheceu lidar com o problema. O Ministério da Saúde disse que “trabalha sem medir esforços para manter a rede de saúde abastecida com todos os medicamentos ofertados pelo SUS”.

A escassez ainda pode estar associada ao recente lockdown imposto na China, país que é um dos principais fornecedores de insumos para a produção de medicamentos no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

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A entidade, que diz representar 43,5% do faturamento das cerca de 82 mil farmácias do país, acompanha o cenário, mas ponderou não ter recebido até aqui uma notificação formal de suas redes associadas sobre uma falta generalizada.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) também afirmou não registrar até então problemas de abastecimento ao menos em suas aquisições de antibióticos — a gestão e compra de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) são compartilhadas pelos três entes federativos, ou seja, os municípios, os Estados e União.

O problema se estende também a outros Estados, que têm lidado com escassez cíclica do setor farmacêutico, cada vez envolvendo um perfil diferente de medicamento.

Em março, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) já havia notificado o Ministério da Saúde sobre a baixa nos estoques de injetáveis, crise que não envolvia, à época, as farmácias comerciais, mas apenas unidades de saúde.

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Agora na última segunda-feira (30), o Conasems requisitou uma audiência com o ministro Marcelo Queiroga para tratar da escassez deste novo grupo de medicamentos, conforme relata ofício da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

“Há falta de antibióticos, antitérmicos, xaropes e antigripais, dentre outros essenciais, o que representa um grave risco para a saúde da população”, relata o documento.

Ao longo da pandemia, o país enfrentou outras crises de fornecimento de medicamentos devido às flutuações da indútria e do mercado, como de sedativos no auge das internações com pacientes entubados por Covid-19.

No período, unidades de saúde têm se organizado para dividir estoques e mitigar efeitos, o que também ocorre em Santa Catarina.

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Quem acompanha o setor também diz que, em momentos como este, com dificuldade de compra dos insumos, a alta no custo da produção ainda gera desinteresse das fabricantes, já que reduz a margem de ganhos delas.

Isso ocorre porque os preços dos medicamentos no país são regulados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).

O orgão especial tem participação de vários ministérios do governo federal e também da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com quem o Ministério da Saúde afirmou, em nota à reportagem, trabalhar para resolver o problema.

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