O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ex-secretário de São José, Silvinei Vasques, foi entregue pelas autoridades paraguaias à Polícia Federal na Ponte da Amizade, ligação rodoviária entre o Brasil e o Paraguai, que conecta as cidades de Cidade do Leste e Foz do Iguaçu (PR), na noite desta sexta-feira (26).

Continua depois da publicidade

As imagens obtidas pela GloboNews mostram o momento em que Silvinei sai da viatura da polícia paraguaia, algemado e encapuzado, e é levado por dois agentes até um posto de controle migratório. É possível ver que o ex-diretor usa as mesmas roupas do momento da prisão, na madrugada desta sexta.

Ele deve cruzar a fronteira para o Brasil ainda na noite desta sexta. Silvinei foi preso no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, e levado de carro até a Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil.

Silvinei foi expulso do Paraguai por não declarar sua entrada no país conforme a lei de migrações e por não existir no país um mandado de prisão contra ele, ou uma ordem de captura da Interpol. O Ministério Público do Paraguai também irá investigar a origem dos documentos usados por Silvinei.

— Além de ter ingressado de maneira irregular, ele também tentou usar uma identidade que não lhe correspondia, ou seja, são duas causas previstas na nossa lei migratória para proceder à expulsão — explicou o diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter.

Continua depois da publicidade

Veja fotos da prisão de Silvinei Vasques

Documentos paraguaios e declaração de “câncer”

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ex-secretário de São José, Silvinei Vasques, usou documentos paraguaios para tentar fugir para El Salvador. Com nome de “Julio Eduardo”, um documento de identidade e um passaporte paraguaios foram apresentados por Silvinei para a polícia paraguaia. Os agentes de imigração perceberam, porém, que a numeração e as impressões digitais não eram as mesmas do passageiro.

Ao ser abordado, ele confessou que os documentos não eram dele. O ex-diretor rompeu a tornozeleira eletrônica quando ainda estava em Santa Catarina, momento em que autoridades brasileiras emitiram alerta para países vizinhos, como Colômbia, Paraguai e Argentina, devido ao risco de fuga.

Ele também apresentou uma declaração que afirmava que ele tinha um câncer na cabeça que o impossibilitava de se comunicar durante a tentativa de fuga para El Salvador. O documento, intitulado “Declaração Pessoal para Autoridades Aeroportuárias”, afirma:

Continua depois da publicidade

“Eu, a pessoa que apresenta este documento, informo que não falo nem ouço, devido a uma condição médica grave. Tenho diagnóstico de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, câncer localizado na cabeça (cérebro), doença oncológica de prognóstico grave, razão pela qual não posso me comunicar verbalmente nem compreender instruções orais. Por esse motivo, não posso responder perguntas de forma falada”.

A declaração portada por Silvinei afirmava que a viagem tinha como objetivo realizar um tratamento médico, e que ainda que a condição fizesse com que ele não conseguisse se comunicar, ele estaria em plena condição de realizar a viagem e contaria com autorização médica para viajar.

A Fundação de Saúde Itaiguapy, administradora do Hospital Itamed, afirmou em nota que o médico citado no documento não possui vínculo com a unidade. Leia na íntegra:

“A Fundação de Saúde Itaiguapy, administradora do Hospital Itamed, vem a público esclarecer informações veiculadas recentemente envolvendo a suposta realização de tratamento oncológico pelo ex-diretor da PRF.

Continua depois da publicidade

Esclarecemos que o médico citado na referida prescrição não possui vínculo com o Hospital Itamed, tampouco integra nosso corpo clínico. Inclusive, o número de CRM mencionado não corresponde a nenhum profissional atuante na instituição ou na cidade de Foz do Iguaçu.

Ressaltamos ainda que o documento apresentado como prescrição médica não pertence ao Hospital Itamed. Além de conter informações inconsistentes, o material utiliza a logomarca “Hospital Costa Cavalcanti”, denominação que não é mais utilizada desde 11 de dezembro de 2024, data oficial da mudança de marca da instituição para “Hospital Itamed”. Portanto, trata-se de um documento que não foi emitido nem validado pelo hospital.

Diante dos fatos, reforçamos que o Hospital Itamed não possui qualquer relação com o caso mencionado, sendo também vítima de possível fraude e uso indevido de sua imagem institucional.

O Hospital Itamed permanece à disposição das autoridades competentes para colaborar com os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a segurança da informação em todos os seus processos assistenciais e administrativos.”

Continua depois da publicidade

*Com informações do g1