Preso nesta sexta-feira (26) no aeroporto de Assunção, no Paraguai, tentando embarcar rumo a El Salvador, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques teve seus últimos passos registrados por câmeras de segurança antes de desaparecer de casa, em São José, na Grande Florianópolis, na véspera de Natal.

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Imagens que embasaram a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mostram Vasques carregando um veículo alugado com pertences pessoais e seu cachorro de estimação horas antes da fuga. Ele estava em liberdade provisória desde agosto de 2024, monitorado por tornozeleira eletrônica e proibido de deixar o país.

A prisão preventiva foi decretada após a constatação da violação das medidas cautelares impostas no processo em que Vasques foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão por envolvimento na trama golpista. Ele morava em um prédio no bairro Barreiros, em São José.

Ao NSC Total, a defesa de Silvinei informou que tomou conhecimento da prisão nesta manhã. “Não tenho detalhes do ocorrido. Tenho conhecimento que já atua um advogado paraguaio na tutela dos interesses dele no país vizinho”, disse o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão.

Cronologia da fuga

24 de dezembro de 2025 (véspera de Natal)

19h06: Câmeras registram Silvinei colocando bolsas no porta-malas de um VW/Polo Prata alugado.

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19h14: Ele é visto colocando mais itens no banco traseiro, incluindo ração e sacos de tapete higiênico para cães.

19h22: Silvinei sai do condomínio no bairro Barreiros, em São José, conduzindo o carro, levando consigo potes de comida e um cachorro (aparentemente da raça pitbull). Na ocasião, vestia calça de moletom preta, camiseta cinza e boné preto, ambos da marca Puma. Esta foi a última vez que ele foi visto entrando ou saindo do local.

25 de dezembro de 2025 (Natal)

03h: O equipamento de monitoramento eletrônico perde o sinal de GPS.

13h00: O sinal de GPRS também é interrompido, possivelmente devido ao término da bateria.

20h09 às 20h25: A Polícia Penal de Santa Catarina comparece ao apartamento de Silvinei. Ninguém atende à porta e a vaga de garagem é encontrada vazia.

23h: Uma equipe da Polícia Federal é acionada para verificar o descumprimento das medidas. Ao chegarem ao prédio, os policiais confirmam que Vasques não estava no local e que o veículo alugado não se encontra na garagem.

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Prisão no Paraguai após rompimento de tornozeleira

De acordo com apuração da jornalista Andreia Sadi, do g1, Silvinei Vasques foi localizado e preso por autoridades paraguaias enquanto tentava embarcar em um voo com destino a El Salvador, com escala no Panamá.

Ainda segundo a jornalista, ele usava um passaporte paraguaio original que não correspondia à sua identidade. Após a prisão, Vasques foi colocado à disposição do Ministério Público do Paraguai e deve passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (26). Na sequência, deverá ser entregue às autoridades brasileiras.

Condenado pelo STF a 24 anos e seis meses

No último 16 de dezembro, Silvinei foi condenado a 24 anos e seis meses por envolvimento em cinco crimes durante a trama golpista pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a acusação, ele integrou o chamado “núcleo 2” da organização criminosa e atuou para impedir a votação de eleitores, especialmente no Nordeste, por meio de operações da PRF no segundo turno das eleições.

No mesmo dia da condenação, Silvinei Vasques solicitou exoneração do cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José, na Grande Florianópolis.

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Quem são os condenados do núcleo 2 da trama golpista

Confira as penas do núcleo 2 da trama golpista

  • Mário Fernandes, general da reserva, ex-secretário-geral da Presidência e aliado próximo a Bolsonaro  

26 anos e 6 meses de prisão (a pena se divide em 24 anos de reclusão, iniciado em regime fechado, e 2 anos e 6 meses de detenção, mais 120 dias-multa, com cada dia-multa no valor de um salário-mínimo) 

  • Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal e atual secretário de Desenvolvimento Econômico de São José, na Grande Florianópolis   

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24 anos e 6 meses de prisão (a pena se divide em 22 anos de reclusão e 2 anos e seis meses de detenção, mais 120 dias-multa, com cada dia-multa no valor de um salário-mínimo) 

  • Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor de Jair Bolsonaro   

21 anos de prisão (a pena se divide em 18 anos e seis meses de reclusão e 2 anos e seis meses de detenção, mais 120 dias-multa, com cada dia-multa no valor de um salário-mínimo) 

  • Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais do ex-presidente   

21 anos de prisão (a pena se divide em 18 anos e seis meses de reclusão e 2 anos e seis meses de detenção, mais 120 dias-multa, com cada dia-multa no valor de um salário-mínimo)   

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  • Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres 

8 e 6 meses de prisão (a pena é toda de reclusão, com mais 40 dias-multa, com cada dia-multa no valor de um salário-mínimo)