Diversas cidades catarinenses sofreram prejuízos devido a uma tempestade severa de granizo que atingiu o Estado na última quarta-feira (4). Em Fraiburgo, uma das cidades atingidas, o sistema antigranizo, que devia diminuir ou eliminar as pedras de gelo, estava desligado, segundo o meteorologista da empresa AGF Antigranizo de Fraiburgo, João Rolim.
Continua depois da publicidade
Até o momento, cerca de sete cidades de Santa Catarina decretaram situação de emergência em função do temporal com granizo entre a noite de quarta (4) e a madrugada de quinta-feira (5). Entre elas, a cidade de Fraiburgo, que teve mais de 180 imóveis danificados.
A cidade conta com um sistema responsável por “combater” o granizo através da queima de iodeto de prata, diminuindo ou eliminando totalmente as pedras de gelo. Entretanto, segundo João Rolim, meteorologista da AGF Antigranizo Fraiburgo, o sistema estava desligado.
Como o sistema funciona
Segundo João Rolim, o sistema antigranizo foi construído em 1960 para proteger as macieiras dos danos causados pelo fenômeno.
No início, foguetes antigranizo eram lançados e levavam às nuvens uma substância química composta de iodeto de prata, que era espalhado após o foguete explodir, sendo capaz de diminuir o tamanho das pedras.
Continua depois da publicidade
Um radar meteorológico foi instalado em Lebon Régis em 1989 para melhorar o sistema, mas foi apenas em 1996 que o método tomou a forma dos dias atuais. Agora, o iodeto é queimado e lançado através de uma espécie de cano com chaminé, a partir do solo. Atualmente, são cerca de 157 geradores espalhados por Fraiburgo e região.
A equipe de meteorologia da empresa AGF é responsável por identificar pelo radar a nuvem carregada e calcular o momento certo para a queima do iodeto, lançado para a atmosfera.
Veja fotos do sistema
Equipamentos estavam desligados
Os geradores são geralmente usados na primavera e verão, época importante para o cultivo da maçã e temporada em que há mais granizo em Santa Catarina.
Continua depois da publicidade
— O sistema funciona no período em que se tem maior incidência de granizo, no caso, entre setembro em abril — informou o meteorologista João Rolim, em conversa com o NSC Total.
Durante a época de colheita, o sistema fica ligado para proteger as plantações. Entretanto, após abril, com o final das colheitas, o sistema é desligado.
VÍDEO: Após fuga arriscada, homem é capturado com 100 kg de maconha em rodovia de SC
— No período de inverno, o sistema não funciona, porque a relação custo-benefício não vale muito, então o sistema fica desligado — relatou João.
Segundo o especialista, o sistema não estava funcionando durante as tempestades que ocorreram na região na última semana justamente porque o fenômeno ocorreu em uma época atípica.
Continua depois da publicidade
— A tempestade não foi uma surpresa, foi anunciado até pela Defesa Civil. Acontece que o sistema funciona no período da safra, de setembro até abril. No final de abril, ele é desligado e não funciona no período de inverno. Sempre foi assim — informou o meteorologista da AGF.
Para João Rolim, a tempestade em uma época incomum serviu para mostrar a eficiência do sistema.
— Quando o nosso trabalho dá certo, as pessoas não veem o resultado, porque não tem granizo. Então, se teve uma ocorrência dessa, que frequentemente ocorre no verão e não tem granizo, isso só mostra a eficiência do sistema. Mostrou o que acontece quando esse sistema está desligado — afirmou o especialista.
Leia mais
Cidades de SC atingidas por temporais decretam situação de emergência
Polícia investiga suposto sequestro de criança de 10 anos no Oeste de SC