Duas tubulações paralelas com dezenas de metros estão despejando água nas dunas da praia da Joaquina, um dos principais pontos turísticos de Florianópolis. O sistema, que deveria ser provisório, existe há quatro anos e, segundo estudiosos, é o maior responsável pela eutrofização que acontece no local.

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O sistema de bombeamento foi instalado pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) em junho de 2021 para evitar que novos rompimentos na barragem da companhia, semelhante ao que aconteceu em janeiro do mesmo ano, voltassem a ocorrer. Entretanto, o sistema também realiza o escoamento do excesso de efluentes de uma unidade de tratamento de esgoto ao lado.

Porém, a instalação que seria provisória, criou uma lagoa artificial nas dunas, segundo um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além disso, o lançamento dos efluentes causou danos negativos na vegetação do local.

— Os estudos estão mostrando que existe um processo de eutrofização em curso, ou seja, uma contaminação de toda a área com fertilizantes, nitrogênio e fósforo, derivados de matéria orgânica. Isso está comprometendo a capacidade que os lagos tinham de produzir e manter o oxigênio, que infelizmente, produz zonas mortas —  explicou o biólogo Paulo Horta.

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O estudo realizado pelos biólogos da universidade concluiu, ainda, que a quantidade de efluentes e a grande presença das macrófitas causaram um aumento no nível de soterramento e diminuiu a quantidade de vegetação nativa na região.

Em nota, a CASAN informou que “o sistema de bombeamento é necessário para garantir a segurança da população e do funcionamento da Lagoa de Evapoinfiltração (lei) em períodos de chuvas intensas. Esse sistema precisa funcionar até que uma nova área possa receber o efluente tratado. A busca desse novo local está em estudo.”

Já a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (FLORAM) informou que “está acompanhando de perto a situação” e que “monitora constantemente os possíveis impactos ambientais para garantir a preservação do Parque Natural Municipal da Lagoa da Conceição”

No local não há medição do Instituto do Meio Ambiente (IMA) sobre a balneabilidade, mas os pesquisadores da universidade monitoram constantemente a qualidade da água e já identificaram a presença de coliformes fecais.

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Os pesquisadores pedem, ainda, a interrupção do lançamento de efluentes de esgoto na vegetação.

— Sem dúvida nenhuma a gente precisa parar de bombear água para um parque, é antipedagógico. É uma coisa que está de fato deteriorando toda a capacidade que a gente têm de dialogar com a comunidade sobre a importância daquele lugar —  relatou o biólogo

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