A startup Scienco Biotech, incubada no Órion Parque Tecnológico, Centro de Inovação de Lages, está desenvolvendo dois testes rápidos que prometem ajudar a produção leiteira na agricultura familiar. Com recursos captados por editais de fomento à inovação, a empresa aposta no uso de tecnologia avançada para melhorar a qualidade do leite e reduzir desperdícios.
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O primeiro teste tem como foco a identificação da proteína B da capa caseína no leite, essencial para a produção de queijos de alta qualidade. Estudos mostram que vacas que produzem essa proteína garantem um rendimento até 30% maior na fabricação de queijos, resultando em menos desperdício de leite e maior eficiência na produção.
Com um simples procedimento, semelhante a um teste de gravidez, o próprio produtor poderá identificar quais animais possuem essa característica e direcioná-los para a produção, aumentando a qualidade e a sustentabilidade do processo.
Já o segundo teste, financiado pelo edital Impulsiona SC, do Governo do Estado de Santa Catarina, tem como objetivo detectar resíduos de antibióticos no leite. O uso desses medicamentos é comum no tratamento de infecções como a mastite, mas resquícios no leite podem comprometer toda a produção, levando ao descarte de grandes quantidades do produto. Com a nova tecnologia, o produtor terá uma ferramenta acessível para verificar se o leite está livre de contaminação, evitando perdas desnecessárias.
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Além da praticidade dos testes, a startup também desenvolverá um aplicativo integrado com Inteligência Artificial para armazenar e interpretar os resultados, permitindo um controle detalhado do rebanho.
— As pequenas propriedades sofrem ainda mais com o desperdício, porque elas não têm ferramentas tecnológicas para apoiar a produção de queijo. A ideia é que o próprio produtor possa aplicar o teste e direcionar os animais para a produção, impactando na qualidade do queijo que possui uma textura diferenciada, uma coagulação mais rápida e isso tudo também agrega e contribui para a diminuição da pegada de carbono, porque você produz mais queijo, com menos leite — comenta a pesquisadora e CEO da Scienco, Maria de Borba Magalhães.
Em parceria com a Associação de Produtores de Queijo Artesanal de Santa Catarina, a startup realizará estudos em pequenas propriedades do estado para validar os testes e otimizar o aplicativo. O projeto tem previsão de três anos para o desenvolvimento do teste da proteína B e um ano para o teste de antibióticos. A expectativa é que, ao final desse período, os produtores tenham uma solução acessível e eficaz para melhorar sua produção, garantindo qualidade e sustentabilidade ao setor leiteiro.
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