Alessandra Abdala, 45 anos, desceu do ônibus por volta das 7h30min desta quinta-feira (24). O trajeto que separa o ponto de desembarque da creche onde a professora trabalhava não dura mais que cinco minutos. No caminho, foi abordada pelo ex-companheiro, um policial militar, que tinha sido denunciado por ela por ameaça. A funcionária pública foi morta a tiros. O estrondo dos disparos e os gritos de socorro foram tão altos que acordaram e assustaram os moradores do bairro Tapera, no Sul da Ilha, em Florianópolis.
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Professora é assassinada a tiros em Florianópolis
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A rua curta que desemboca no Núcleo de Educação Infantil Municipal da Tapera tem cerca de dez casas e um mercado. Um dos moradores, que preferiu o anonimato, diz que viu o casal brigando instantes antes de ouvir os disparos. Depois dos tiros, ele conta que o homem correu e Alessandra caiu no chão. Mesmo depois do trabalho da perícia e da retirada do corpo, uma grande poça de sangue indicava que um crime havia ocorrido ali.
A presença do suspeito na região foi avisada por mensagem para Andrea Ferreira, diretora da unidade onde a professora atuava. Ela ficou apreensiva e parou o que estava fazendo para correr até a escola. Temia o pior, já que Alessandra confidenciou que fez um boletim de ocorrência após viver uma noite sob a vigia da arma do ex-companheiro. O pesadelo, como Andrea descreveu, ocorreu no feriado da Proclamação da República.
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— Ela disse que ainda tinha dor no peito da arma que ficou pressionada contra o seu corpo — contou Andrea, com lágrimas nos olhos.
A diretora diz que uma rede de apoio foi formada na tentativa de proteger Alessandra. “Se por acaso ele aparecer, vocês já sabem”, dizia a professora aos colegas.
Ela ficou nervosa nos últimos dias, relembra Andrea. A apreensão da professora era diferente de como ela se comportou no último ano em que esteve junto ao companheiro. “Ela parecia feliz, falava dele o tempo todo”. Contudo, após a ameaça, o sorriso deu lugar à tristeza.
— Dava para perceber que ela estava com o emocional abalado. Tinha alguma coisa incomodando ela — disse a diretora.
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Quem era a professora assassinada a tiros em Florianópolis: “Mulher feliz e de atitude”
“O que aconteceu com a minha filha?”
Coube a Andreia também tentar acalmar Sandra, a mãe da professora. Desesperada por notícias, ela ligou para a unidade de educação assim que recebeu as informações iniciais.
— O que aconteceu com a minha filha? Eu quero falar com a minha filha — bradou desesperada ao telefone.
Uma equipe foi até a casa de Sandra para dar a notícia e o suporte psicológico. Alessandra deixou uma filha de 23 anos, uma legião de amigos e o sentimento de injustiça causado pela morte precoce.
— Deixou uma mãe sem uma filha e uma filha sem uma mãe — completa Andrea.
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