Evandro Ericson Vieira de Medeiros participou dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Na última sexta-feira (5), o Supremo Tribunal Federal (STF) expediu um mandado de prisão em seu nome. Natural de Uberlândia (MG), o documento apontou um endereço de Joinville, cidade do Norte catarinense, como residência atual do condenado. A defesa de Evandro nega que ele já tenha morado no município.

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Como agiu Evandro no 8 de janeiro

Em postagens nas redes sociais, ele compartilhou sua atuação na invasão da Praça dos Três Poderes. “Tomamos Brasília dos tiranos”, disse. Todas as publicações foram anexadas à sentença do STF que condenou Evandro a dois anos e cinco meses de prisão.

Natural da cidade que fica a mais de 500 quilômetros de distância de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, Evandro iniciou sua participação no ato golpista no dia 7 de janeiro de 2023. Naquele dia, embarcou em um ônibus fretado e chegou em Brasília, no Distrito Federal, após cerca de sete horas de viagem.

O mineiro frequentou o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército Brasileiro Forte Caxias e, no dia 8, participou das manifestações na Praça dos Três Poderes. Toda a sua estada na capital federal foi registrada e compartilhada em redes sociais como o Facebook e Kawai. Em um dos vídeos, inclusive, Evandro capturou e divulgou o seu próprio rosto, o que serviu de prova durante o processo.

Confira as publicações de Evandro nas redes sociais

Após a manifestação e invasão dos Três Poderes, Evandro continuou no acampamento montado em frente ao quartel do exército em Brasília. “De modo a manter vivo o movimento desordeiro e a busca por um golpe de Estado, até sua detenção pela Polícia Militar do Distrito Federal”, disse o ministro e relator do caso, Alexandre de Moraes.

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De acordo com a decisão do STF, as imagens publicadas por Evandro corroboram que ele, efetivamente, participou da manifestação que culminou na invasão dos edifícios sedes dos Três Poderes: o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Evandro ainda, em interrogatório policial, confessou os crimes cometidos.

“A confissão do réu é corroborada por, ao menos, 529 réus dos crimes que, igualmente, confessaram a mesma conduta e firmaram ANPPs [Acordo de Não Persecução Penal] com a Procuradoria-Geral da República, devidamente homologados por este Supremo Tribunal Federal”, diz a sentença.

Condenação de Evandro

Por maioria, o STF condenou Evandro a dois anos e cinco meses, sendo dois anos de reclusão por associação criminosa e cinco meses de detenção por incitação ao crime — equiparada pela
animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais, segundo a decisão. Para o início do cumprimento da pena foi imposto o regime semiaberto.

O tribunal também definiu que Evandro deverá pagar uma multa coletiva mínima de R$ 5 milhões por danos causados à democracia brasileira, junto com todos os outros réus condenados no mesmo processo. O valor será destinado ao fundo que alude o artigo 13 da Lei 7.347/1985 — e poderá ser utilizado à recuperação dos bens lesados.

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Como era o acampamento frequentado por Evandro

Em fotos tiradas pelos próprios manifestantes, e anexadas à sentença, o STF constatou que a estrutura montada em frente ao Quartel-General do Exército Brasileiro Forte Caxias era “bem organizada”.

No local, foram instaladas barracas, lonas, locais para alimentação — incluindo espaços para armazenar alimentos e eletrodomésticos, como geladeiras e freezers — e geradores.

Veja como era o acampamento

“Não sabiam explicar o que queriam”: o que dizem testemunhas do 8/01

Após os atos golpistas, testemunhas foram ouvidas durante o processo. Algumas relataram que a estada no acampamento foi pacífica, já outras afirmaram que alguns manifestantes reconheciam que poderia haver confronto devido aos atos.

“Algumas nitidamente falaram que não sabiam, que estavam na manifestação e ‘correram, seguiram uma manada’ e foram para o interior do Palácio. Uma senhora disse que tinha vindo rezar pelo país”, contou uma testemunha.

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Já outra pessoa, que trabalhava no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2023, relatou que assistiu manifestantes tentando apagar focos de incêndio, fazendo orações e cantando o hino nacional brasileiro.

“Afirmou também que alguns manifestantes queriam intervenção militar, que outros eram contra a intervenção militar e diziam que as Forças Armadas não seriam a solução, que outros queriam recontagem de votos, e que outros, ainda, não sabiam explicar o que queriam. Havia também manifestantes contrários às depredações”, revela o processo.

Mandados de prisão

Na última sexta-feira (5), o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a prisão de Evandro Ericson Vieira de Medeiros, Jorgeleia Schmoeler, moradora de Juara (MT), e Robson Victor de Souza, de Juiz de Fora (MG).

Segundo o ministro, o grupo tinha uma “complexa estrutura organizacional” e o “propósito criminoso amplamente difundido e previamente conhecido” de defender publicamente um golpe de Estado, uma intervenção militar e ataques à independência do Poder Judiciário.

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Apesar do mandado de prisão já ter sido expedido, Evandro ainda não deu entrada no sistema penitenciário de Minas Gerais, de acordo com o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões, mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Procurada pela reportagem do NSC Total, a defesa de Evandro Ericson Vieira de Medeiros preferiu não se manifestar.

O STF também foi procurado para esclarecer o por quê a residência de Evandro consta como um endereço em Joinville. Não houve um retorno até a publicação desta matéria.

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