Com 46,9% de cobertura, Santa Catarina tem menos da metade da população alvo vacinada contra influenza. O número representa 903.551 pessoas imunizadas, quando o esperado no total era de 1.926.542. Os dados estão disponíveis no painel nacional de vacinação do Ministério da Saúde. Com a alta demanda por leitos de UTI no Estado, os municípios têm se mobilizado para combater a baixa procura pelo imunizante.
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O Estado enfrenta uma alta de internações devido a casos de doenças respiratórias, principalmente em relação a influenza, com aumento de 132% no número de mortes em comparação com o mesmo período do ano passado.
Na vacinação contra a doença, o total de doses aplicadas em toda a população catarinense foi de aproximadamente dois milhões. No entanto, o que alerta o governo estadual é a vacinação para o grupo alvo, composto por crianças, gestantes e idosos. Menos da metade deste público está vacinado, de acordo com os dados do painel.
Santa Catarina ocupa a sétima colocação em relação às maiores coberturas vacinais ao público alvo no ranking nacional, entre os estados que possuem dados divulgados. O Estado fica atrás do Piauí (53,05%), Espírito Santo (49,63%), Mato Grosso do Sul (49,17%), Paraná (49,07%), Minas Gerais (48,68%) e Rio Grande do Sul (48,24%).
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Esforço das prefeituras
No Estado, Florianópolis é a cidade com a maior quantidade de doses aplicadas junto ao público alvo, somando 169.113 ao todo. A lista segue com Joinville (142.096), Blumenau (100.040) e Criciúma (79.904).
Para aumentar ainda mais os índices da cobertura vacinal, principalmente em relação ao público prioritário, municípios de SC têm se mobilizado com diversas ações nas últimas semanas. Um dos exemplos é Joinville, no Norte catarinense, que levou as equipes de vacinação até os Centros de Educação Infantil (CEIs) da rede municipal e nos terminais de ônibus.
A coordenação das escolas e CEIs participantes da ação informam os pais e responsáveis com antecedência, orientando sobre a importância da vacinação e riscos das síndromes respiratórias. A aplicação do imunizante é realizada pelas equipes com a presença e autorização dos pais, dentro das dependências da instituição e em horários pré-determinados.
No período matutino, a vacinação ocorre das 10h30min às 12h, e no período da tarde, das 16h às 18h, horários de maior movimentação de pais e alunos. Desde o início deste ano, a vacina da gripe passou a integrar o calendário vacinal de rotina de crianças a partir de seis meses a menores de seis anos.
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— As crianças desta faixa etária são mais suscetíveis a desenvolver sintomas graves da gripe e passar por internações. Por este motivo, esta mobilização estratégica prioriza inicialmente os alunos dos CEIs — explica Jaqueline Fornari, gerente de Vigilância em Saúde de Joinville.
A profissional reforça que as ações facilitam o acesso da população ao imunizante, já que além das crianças, os pais e professores também podem se vacinar. Segundo Jaqueline, a estratégia tem sido bem recepcionada.
Alta de mortes por influenza
O último boletim epidemiológico da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) revela que, até 21 de junho, houve um aumento expressivo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza em comparação com o mesmo período de 2024. Foram registrados 1.426 casos e 172 óbitos, contra 1.013 casos e 72 mortes no ano anterior, com maior impacto entre idosos e crianças pequenas.
Já os casos de SRAG por Covid-19 apresentaram queda significativa, com 259 registros e 38 óbitos, mantendo a tendência de redução observada desde 2023. Casos de SRAG por outros vírus respiratórios, como rinovírus e vírus sincicial respiratório, também diminuíram em relação a 2024, totalizando 2.791 casos e 41 óbitos. A maior parte dos casos ocorreu em crianças de até 4 anos, que também concentraram o maior número de mortes, ao lado de idosos acima de 70 anos.
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Leitos de UTI passam por desafios de lotação
Conforme atualização dessa quinta-feira (3), às 13h10min, no painel do Centro de Informações Estratégicas para a Gestão do Sistema Único de Saúde (Ciege/SC), 66% dos leitos de UTI pediátricos estão ocupados no Estado. No Grande Oeste catarinense, a taxa alcançou a lotação máxima, com 100% dos leitos ocupados. Outras regiões em alerta são a Serra Catarinense, com 81,8% dos leitos pediátricos ocupados e o Meio oeste, com 81%.
Nas demais regiões, a ocupação varia de 42,9% a 78,6%. Veja abaixo os índices disponibilizados pelo painel:
- Grande oeste: 100%;
- Serra catarinense: 81,8%;
- Grande Florianópolis: 78,6%;
- Meio oeste: 81%;
- Planalto Norte e Nordeste: 63,9%;
- Vale do Itajaí: 58,5%;
- Foz do Rio Itajaí: 50%.
- Sul: 42,9%;
O que diz a Secretaria de Saúde de Santa Catarina
Por nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-SC) informou que Santa Catarina foi o estado que mais expandiu a rede SUS de leitos de UTI nos últimos anos e que, para o período de aumento de casos, também houve aumento de leitos.
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Frisou ainda que os hospitais do Estado são “referência em alta complexidade e operam com uma taxa de ocupação historicamente elevada, acima de 80%, devido à demanda por procedimentos especializados e atendimentos emergenciais”. A nota explica que as cirurgias eletivas e emergenciais demandam internação em UTI no pós-operatório, o que contribui para a taxa de ocupação.
Em complemento, o Secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi, diz que, por mais que nenhuma região do Estado esteja com 100% de ocupação, não se pode baixar a guarda e é preciso monitorar a todo tempo. Diz ainda que “nenhum paciente está desassistido e se houver necessidade faremos a transferência do paciente para outra região ou até mesmo compramos leito na rede privada”.
Confira nota na íntegra:
“Santa Catarina foi o estado que mais expandiu a rede SUS de leitos de UTI nos últimos anos. Desde 2023, já foram abertos 264 novos leitos de terapia intensiva, entre adultos e infantis, distribuídos em diversas regiões. Além disso, para este momento sazonal de aumento de casos de síndromes respiratória aguda grave foram abertos: 12 leitos de suporte ventilatório no Hospital Infantil Pequeno Anjo, em Itajaí; 12 leitos de UTI adulto no Hospital Beatriz Ramos, em Indaial; 10 leitos de UTI, sendo 6 adulto e 4 neo/pedi, Hospital e Maternidade Oase, em Timbó; e 3 UTI adulto no Hospital São José, em Criciúma. Novos leitos estão previstos para abertura.
Os hospitais da Secretaria de Estado da Saúde são referência em alta complexidade e operam com uma taxa de ocupação historicamente elevada, acima de 80%, devido à demanda por procedimentos especializados e atendimentos emergenciais. As cirurgias eletivas e emergenciais, muitas vezes, demandam internação em UTI no pós-operatório, contribuindo para a taxa de ocupação.
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A Secretaria reforça que o sistema de saúde catarinense funciona em rede, garantindo assistência a todos os cidadãos. Caso não haja vagas em um hospital, a Regulação busca leitos em outras unidades, inicialmente na mesma região e, se necessário, em outras localidades ou na rede privada. Todos os pacientes internados nas unidades hospitalares recebem toda a assistência médica.
Ressalta-se que nesta quarta-feira, 02 de julho, de acordo com o Painel de Leitos de UTI, há no Estado 170 leitos de UTI disponíveis, sendo 59 para adultos, 47 neonatais e 64 pediátricos. A taxa média geral de ocupação desses leitos é de 88,3%. As principais causas de internação em leitos de UTI adulto nos hospitais do Estado são doenças respiratórias, cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
A SES continua monitorando a situação epidemiológica e a ocupação hospitalar, especialmente neste período de sazonalidade de vírus respiratórios, e mantém seus investimentos para ampliar e qualificar a rede de saúde no estado.
É importante reforçar que a vacina contra a gripe está disponível em Santa Catarina para toda a população. Atualmente o índice de vacinação do grupo prioritário está em 46,49%. A vacina protege contra os principais vírus influenza em circulação no Brasil e previne os casos graves das doenças respiratórias.“
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*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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