O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou uma notícia de fato, nesta quinta-feira (17), para investigar o erro que levou 11 recém-nascidos a receberem antídoto para picada de cobra no lugar de imunizante contra hepatite B. O caso aconteceu em um hospital de Canoinhas, no Planalto Norte catarinense, entre os dias 9 e 11 de julho.

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O promotor de Justiça Leonardo Lorenzzon determinou a coleta de informações iniciais com prazo de 10 dias para resposta. Entre os esclarecimentos solicitados ao Hospital Santa Cruz de Canoinhas estão a data do ocorrido, o modo de armazenamento dos frascos, a identificação e qualificação dos profissionais envolvidos.

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Além disso, a unidade também deverá detalhar como a situação foi comunicada aos conselhos de classe e entregar um relatório sobre a situação de saúde dos bebês afetados, incluindo as providências adotadas para evitar novos erros.

Já à Gerência Regional de Saúde, o MPSC questionou se o órgão tomou conhecimento dos fatos e quais foram as providências adotadas. A 4ª Promotoria de Justiça ainda requisitou informações sobre a eventual existência de convênio entre o hospital e o município, assim como os mecanismos de fiscalização adotados pela administração pública.

“O objetivo é reunir elementos que permitam avaliar a pertinência de evolução deste procedimento para inquérito civil ou adotar medidas judiciais cabíveis”, afirmou o promotor no despacho de instauração da notícia de fato.

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Entenda caso que levou à investigação do MPSC

Por engano na aplicação, 11 recém-nascidos receberam antídoto para picada de cobra no Hospital Santa Cruz de Canoinhas. As doses foram administradas no lugar da vacina da hepatite B entre os dias 9 e 11 de julho.

A diretora da unidade, Karin Adur, afirmou que a similaridade dos frascos pode ter induzido ao erro. Ao g1, ainda relatou que, como as medicações são do mesmo laboratório, o soro teria sido armazenado em um local incorreto. Também reforçou mais um fator que pode ter influenciado no erro:

— E a falta de atenção ao não ler o frasco, o que é uma das exigências para a enfermagem — afirmou ao NSC Total.

O Hospital Santa Cruz de Canoinhas afirmou que os bebês receberam a dosagem de 0,5 ml do antídoto. De acordo com as informações disponíveis na bula profissional do soro, uma ampola do antibotrópico contém 10ml da substância e cada ml neutraliza no mínimo 5 mg de veneno-referência de jararaca (Bothrops sp) e 3 mg de Surucucu (Lachesis muta).

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De acordo com a unidade, nenhum bebê teve efeito colateral ou complicações graves por conta da dose e que, junto às famílias, segue monitorando os recém-nascidos.

Investigações

Além do MPSC, o próprio hospital iniciou uma sindicância interna para apurar o ocorrido. Em nota, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) também informou que foi notificada e monitora o caso. De acordo com o órgão, não há registro de reações graves até o momento e a orientação é manter as crianças em observação por um período de até 30 dias.

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