A população uruguaia poderá prestar uma última homenagem ao ex-presidente José Alberto Mujica Cordano, o “Pepe” Mujica, no velório que acontecerá nesta quarta-feira (14), no centro de Montevidéu. O cortejo sairá por volta de 10h da Torre Ejecutiva, edifício sede da Presidência, segundo informações da assessoria do Movimento de Participação Popular (MPP), que Mujica ajudou a fundar. O ex-presidente do Uruguai morreu nesta terça-feira (13) aos 89 anos, após lutar contra um câncer de esôfago desde 2024.
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A procissão deve seguir para a rua Tristán Narvaja e passar pela sede do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), partido derivado do grupo guerrilheiro do qual Mujica foi membro durante a juventude, na década de 1960.
Em seguida, o traslado passará pela rua Mercedes, na sede do MPP, que Mujica ajudou a fundar no final dos anos 1980, e pela rua Colônia, na sede da Frente Ampla, a coalizão de esquerda pela qual o ex-presidente foi eleito.
O cortejo passará ainda pela avenida Libertador até chegar ao Palácio Legislativo, que abriga a Câmara e o Senado uruguaios, por volta do meio-dia.
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A expectativa é que o velório aconteça no Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo, onde público e autoridades poderão se despedir de Mujica, a partir das 15h.
A cerimônia deve durar 24 horas, mas o tempo de duração pode variar a depender de quantas pessoas comparecerão, de acordo com a assessoria do MPP.
Depois, como era o desejo do ex-presidente, ele será cremado e as cinzas voltarão para a chácara em que ele vivia, em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu, para serem enterradas sob a árvore em que também está enterrada sua cadela Manuela.
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Ícone da esquerda: quem foi Pepe Mujica
Nascido em Montevidéu, em 20 de maio de 1935, José Alberto Mujica Cordano, o “Pepe” Mujica se tornou membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros nos anos 1960.
O grupo se destacou antes da instalação da ditadura militar uruguaia, em 1973, por assaltar bancos e distribuir comida e dinheiro roubado aos pobres. Ele escapou duas vezes da prisão até ser capturado de forma definitiva em 1972.
Durante o período na prisão ao longo da ditadura, passou por torturas e condições precárias, e ficou por longos períodos na solitária. Ele era considerado um dos presos “sequestrados” pelo regime, e seria morto se os Tupamaros retomassem as atividades de guerrilha.
Após um decreto de anistia, Mujica foi libertado, em 1985. Ele ajudou a fundar o partido de esquerda Movimento de Participação Popular (MPP) e foi eleito deputado em 1994.
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Cinco anos depois, Pepe Mujica chegou ao Senado e, em 2005, foi nomeado ministro da Agricultura, com Tabaré Vázquez no poder. Ele foi eleito seu sucessor e assumiu a Presidência em 2010, governando até 2015.
Durante seu governo, o salário mínimo teve um aumento de 250%. Pepe Mujica propôs a legalização do consumo e da venda da maconha, o que se concretizou no país.
Mujica tinha vida simples: ao lado da esposa, Lucía Topolansky, morava em um sítio nos arredores de Montevidéu e dirigia seu próprio Fusca até a sede do Executivo, na Praça Independência.
Depois de deixar a Presidência, voltou ao Senado, cargo que ocupou até 2020, quando renunciou por motivos de saúde, em meio à pandemia de Covid-19. Nos últimos anos de sua vida, se dedicou à cuidar da sua horta.
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Ateu, em uma entrevista de 2012, descreveu: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”.
*Com informações da CNN, Metrópoles e g1
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