Os venezuelanos estão ajudando a suprir a necessidade de mão de obra em Santa Catarina e contribuindo para o crescimento econômico do Estado, segundo a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc). Elson Otto, presidente da entidade, afirma que SC foi o Estado que mais empregou imigrantes do país vizinho, mas lamenta que muitos deles têm vivido aglomerados em espaços minúsculos por falta de um local adequado para morar.
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A Facisc está preocupada com a falta de moradia em SC, que pode agravar o apagão de mão de obra enfrentado no Estado. Dados divulgados nesta terça-feira (13) apontam pelo menos 8 mil vagas formais de trabalho em aberto somente pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine). A boa oferta de emprego tornou SC atrativa e isso impulsionou o crescimento da população do Estado em 32% nos últimos 15 anos, quando a média em outras regiões do Brasil é de 11%, aponta Otto.
Nos últimos sete anos, SC oportunizou trabalho para pelo menos 27 mil venezuelanos. O problema é que muitas dessas pessoas, a exemplo das vindas de outros países e estados, chegam a SC e não conseguem encontrar imóveis para alugar. E onde há residências disponíveis, os aluguéis são caros e comprometem quase toda a renda do trabalhador. O presidente da Fascisc diz que o problema é generalizado no Estado e afeta pessoas com todos os níveis de qualificação.
— Vemos muitos casos de imigrantes que alugam um porão, por exemplo, e moram em várias pessoas. E não consideramos isso humano — pontua o presidente da Facisc.
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Risco de perder mão de obra
Um estudo da entidade, apresentado nesta semana, mostra um déficit habitacional de 190 mil moradias em SC. O levantamento revela ainda a queda, ano a ano, a partir de 2014, da quantidade de residências entregues no Estado pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do Ministério das Cidades. Esse cenário pode tornar SC menos atrativa e fazer o Estado perder mão de obra para o Paraná, que tem criado alternativas para criar novas moradias, exemplifica o presidente da Facisc.
— Nós temos oportunidades, mas moradia é urgente — reforça Otto.
A Facisc defende maior adesão das prefeituras ao programa do governo federal, mas também chama atenção para a necessidade de outras medidas. Tanto que a entidade planeja apresentar um projeto ao governo de SC para que o poder público firme parceria com o setor privado, onde as empresas entrem com o dinheiro para a execução das obras e o Estado ofereça incentivos fiscais ou subsídios. Essa seria uma forma de tentar acabar com o gargalo da falta de moradia.
— Não basta trazer força de trabalho, é preciso oferecer condições dignas de moradia — alerta Roberto Carlos Cardoso, integrante do Conselho Fiscal da Facisc.
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O governo de SC sabe que tem dever de casa para fazer. No fim do ano passado, lançou o Casa Catarina, com investimento de R$ 420 milhões para atender cerca de 34 mil famílias no Estado. A secretária de Estado da Assistência Social, Maria Helena Zimmermann, disse à época que 60% do déficit habitacional em terra barriga-verde é de pessoas que têm gasto excessivo de aluguel.
— Comprometendo mais de 30% da renda mensal com essa despesa, fica difícil guardar o dinheiro necessário para a entrada do financiamento e realizar o sonho da casa própria — afirmou.
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