Com 10 votos positivos, a Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ) aprovou nesta segunda-feira (24) um pedido para o Conselho de Ética investigar o vereador Wilian Tonezi (PL) por suposta violência de gênero em “condutas atentatórias ao Código de Ética e Decoro Parlamentar”.
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Pedido ocorreu na Câmara de Vereadores de Joinville
O pedido de investigação foi feito pela vereadora Vanessa da Rosa (PT). A denúncia consta que Wilian Tonezi teria cometido agressões verbais contra vereadoras de diferentes partidos. Ainda, a denúncia afirma que o vereador cria “um ambiente hostil e intimidatório em que não se pode discutir pautas relacionadas aos direitos das mulheres”.
A denúncia cita que, durante as atividades legislativas nos dias 24, 25 e 26 de fevereiro, Wilian Tonezi teria cometido uma série de agressões verbais contra colegas vereadoras mulheres de diferentes partidos em diferentes contextos. Vanessa da Rosa (PT) ainda destacou que o parlamentar fez uma série de afirmações falsas sobre o movimento feminista — ao qual chamou de “sanguinário” e “assassino” — e de difamação sobre a atuação das vereadoras. A vereadora também cita que Tonezi chegou a mandar, aos gritos, uma colega se calar durante reunião da Comissão de Urbanismo.
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Um exemplo das agressões citadas por Vanessa ocorreu no dia 24 de fevereiro, quando a petista, Liliane da Frada (Podemos) e Henrique Deckmann (MDB) usaram o tempo na tribuna para celebrar os 93 anos da conquista do voto feminino no Brasil e a participação da mulher na política. Na mesma sessão, o vereador do PL afirmou que, sempre que houver na câmara algum discurso feminista, ele irá “expor as feministas e o que elas defendem”. Vanessa cita que o comportamento tem como propósito de deslegitimar as atuações que envolvem pautas feministas e de igualdade de gênero.
A partir disso, a vereadora Vanessa denunciou Wilian Tonezi ao Conselho de Ética na câmara municipal por “visar impedir ou dificultar o exercício pleno dos mandatos das mulheres na CVJ, criando um ambiente hostil e intimidatório em que não se pode discutir pautas relacionadas aos direitos das mulheres”. Para ela, os episódios se enquadram como assédio político e violência política de gênero, conforme definido pela Lei nº 14.192/2021.
Vanessa ainda destaca que, de acordo com o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores de Joinville, o vereador deve tratar colegas com respeito e não pode praticar calúnia, difamação, injúria racial, racismo, intolerância religiosa, homotransfobia e violência de gênero na atividade parlamentar.
Com a denúncia, o pedido foi votado na CVJ. Ao todo, 10 vereadores votaram a favor, dois votaram contra e quatro se abstiveram. Três foram impedidos de votar: Vanessa da Rosa (denunciante), Wilian Tonezi (denunciado), e Diego Machado (PSD) (presidente da Câmara de Vereadores de Joinville).
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Como houve aprovoção, o pedido segue para investigação do conselho de ética, formado pelos vereadores Neto Petters (Novo), Lucas Souza (Republicanos), Pastor Ascendino Batista (PSD), Mateus Batista (União Brasil) e Wilian Tonezi (PL). O denunciado, segundo o Regimento Interno da CVJ, não poderá ser membro neste caso.
O que disse Wilian Tonezi
Na tribuna, Tonezi afirmou que a denúncia “é uma tentativa de calar os representantes da direita conservadora”. Disse, ainda, que está na CVJ para “representar a mulher e o homem conservador da cidade”.
Em nota à reportagem, Tonezi afirmou que a denúncia foi perseguição política. Confira na íntegra.
“Hoje, a perseguição política chegou oficialmente à Câmara de Vereadores de Joinville. Estamos vivendo um capítulo sombrio da política brasileira, onde o Partido dos Trabalhadores (PT) e seus aliados fazem de tudo para calar as vozes que se levantam em defesa da fé, da família e da liberdade. Ao denunciar os perigos do movimento feminista — com base em dados, fatos históricos e valores cristãos —, fui alvo de um pedido de abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética, aprovado com apoio de partidos alinhados à esquerda. O que está em jogo não é o decoro, mas a liberdade de expressão de um parlamentar legitimamente eleito para representar os cidadãos de Joinville. Como bem escreveu a deputada estadual Ana Campagnolo em seu livro O Fim da Liberdade Política: “Dizer que o feminismo solapou a democracia não é nenhum exagero. Os políticos temem se posicionar, uma ansiedade geral ronda o parlamento. Ninguém mais sabe quando será acusado do quê, e poucos têm como se defender de toda sorte de difamação promovida pelo tribunal da internet.” O que vimos hoje foi um exemplo prático da intolerância ideológica promovida por esse movimento, que não aceita o contraditório e tenta, a qualquer custo, cancelar, punir e calar quem pensa diferente. Mas a perseguição vai além disso. O incômodo não é apenas com as minhas opiniões, mas com a minha atuação combativa e independente em defesa do povo de Joinville: Denunciei e propus a revogação do aumento abusivo e inconstitucional da taxa de lixo; Propus a internação involuntária de dependentes químicos em situação de rua, medida urgente e necessária para salvar vidas e devolver dignidade à cidade; Fiscalizo contratos, exponho conchavos, cobro transparência, represento o contribuinte. É claro que tudo isso incomoda os poderosos de plantão. Enquanto isso, os mesmos que me acusam ficam em silêncio diante das verdadeiras ameaças à democracia, como a perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a cassação de deputados conservadores, a censura nas redes e o autoexílio de parlamentares como Eduardo Bolsonaro, que teve que deixar o país por medo de prisão arbitrária. A direita conservadora representa o verdadeiro povo brasileiro, e especialmente a mulher brasileira — que se reconhece como mãe, trabalhadora, cristã e patriota. Basta ver o sucesso de Michelle Bolsonaro à frente do PL Mulher, o maior movimento político feminino do Brasil. Mesmo sendo vereador municipal, sei que minha voz ecoa além de Joinville. Por isso, não me calarei. Não recuarei. Não me dobrarei diante da censura ideológica. Seguirei firme no mandato, fazendo exatamente aquilo que prometi a cada pessoa que confiou em mim: fiscalizar, denunciar e defender os valores que sustentam o Brasil.”
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