Victoria Wright, 46, sabe o que é ser encarada. Ela convive com uma condição rara que alterou os ossos de seu rosto desde a infância. Mas, em vez de se esconder ou revidar, sua estratégia social é outra.
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“Se alguém está me encarando por curiosidade, eu apenas sorrio e aceno com a cabeça”, conta ela.
A resposta simples, que ela diz “desarmar” os olhares, é parte de uma longa jornada contra o estigma e a dor física. Ela convive com o querubismo, uma doença que altera a mandíbula e a maxila.
“Querubismo não é uma condição indolor. Sinto pontadas de dor. Minha cabeça está muito pesada. Os médicos dizem que é tão pesada quanto uma bola de boliche”, relatou Victoria em 2023 ao portal Newsner.
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O estigma como ‘crime de ódio’
Na infância e adolescência, Victoria encarou bullying em escolas, ônibus e ruas. Uma vigilância constante que ela, hoje, classifica de forma dura.
“Intimidar uma pessoa desfigurada não é apenas zombaria, é um crime de ódio”, disse Victoria ao jornal The Guardian.
Hoje, ela atua na Changing Faces, entidade do Reino Unido, e defende que educação e punição adequada são essenciais para proteger pessoas com desfiguração.
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‘Não vou operar para fazer os outros felizes’
Apesar da pressão social e das opções médicas, Victoria tomou uma decisão firme sobre sua aparência.
“Me ofereceram uma cirurgia no maxilar para torná-lo menor, mas não acho que isso melhoraria minha aparência”, afirma.
Ela recusa operar “para fazer as outras pessoas felizes”, uma declaração poderosa de autoaceitação.
O que é o querubismo?
O querubismo é uma doença óssea hereditária e rara. Ela provoca crescimento anormal e simétrico na mandíbula e na maxila, formando lesões fibro-ósseas.
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O nome curioso vem do aspecto arredondado das bochechas, que lembra os “querubins” da arte renascentista.
A condição é benigna (não é câncer) e, em muitos pacientes, a causa é uma mutação no gene SH3BP2. Em geral, o quadro estabiliza após a puberdade, quando parte das alterações pode regredir.
Sinais, diagnóstico e tratamento
Os primeiros sinais costumam aparecer cedo. A mãe de Victoria, por exemplo, percebeu os primeiros sinais ao escovar os dentes dela.
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Os principais sintomas podem incluir:
- Dentes permanentes fora de posição;
- Queixo protuberante e alterações no palato;
- “Olhos para cima” (devido à retração da pálpebra);
- Problemas respiratórios e perda auditiva;
- Dor facial e cefaleia recorrente.
O diagnóstico combina avaliação clínica, histórico familiar e exames de imagem, como tomografias. O acompanhamento é multidisciplinar, envolvendo dentistas, otorrinos e oftalmologistas.
O manejo prioriza o monitoramento, já que muitas vezes há regressão parcial na adolescência. Quando há prejuízo funcional (como para respirar ou mastigar) ou assimetria importante, cirurgias corretivas e ortodônticas são discutidas.
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A história de Victoria mostra que acolhimento e cuidado técnico caminham juntos e que estereótipos podem, sim, ser desmontados.
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