A conclusão do inquérito que investigou as causas do acidente com um balão em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, sem o indiciamento de nenhuma pessoa, incluindo o piloto que pilotava o equipamento no momento da tragédia, revoltou familiares das vítimas do acidente. Ao todo, oito pessoas morreram e treze sobreviveram.

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As famílias esperam que o Ministério Público apresente uma visão diferente da Polícia Civil, e aponte algum culpado pelo incêndio no balão, que aconteceu após apenas cinco minutos de voo, no dia 21 de junho deste ano.

Para Miriam Luzzi, mãe de Leandro Luzzi, patinador que foi vítima do acidente do balão, o resultado do inquérito é “inadmissível”, e que a queda do balão “não foi um acidente”.

— Oito vidas ceifadas, oito famílias destruídas e sem nenhuma resposta — disse Jair Luzzi, pai de Leandro.

De acordo com Rafael Medeiros Arena, advogado de Jair e Miriam, os familiares não aceitarão a decisão e “vão procurar os mecanismos legais para que sejam processados e punidos na forma da lei penal todos os responsáveis”.

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Ele afirmou que os familiares entendem que o fato de não haver comprovações de que o piloto do balão foi o responsável pelo início do incêndio no cesto do balão não deveria ser o único critério para não indiciar ninguém.

— A aeronave não era certificada pela ANAC, tinha apenas um extintor que não funcionou quando do início das chamas, não tinha cobertura antichamas no cesto e nas capas dos cilindros de gás, tal como é exigido para uma aeronave utilizada comercialmente — disse.

Para Rafael, “o piloto também é o proprietário da empresa que estava operando o passeio e, portanto, responsável por estar operando de forma irregular, por não ser habilitado e operando em uma aeronave sem certificação pela ANAC”.

Associação das famílias das vítimas

O advogado também informou que os familiares estão em processo de formalização da Associação das Famílias das Vítimas do Acidente de Balão em Praia Grande, para apurar de forma “imparcial da responsabilidade de todos os envolvidos nessa tragédia”

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— Sobretudo ainda que seja apurada a responsabilidade da ANAC por falta ou omissão de fiscalização da atividade de balonismo na região, permitindo que pilotos e aeronaves sem certificação operassem o turismo de forma irregular — afirmou.

Por enquanto, as famílias se sentem revoltadas e com o sentimento de impunidade, de acordo com Rafael, “mas firmes na luta por justiça as vitimas fatais, sobreviventes e seus familiares”.

Quem são as vítimas do acidente com balão

Relembre o acidente

O acidente aconteceu perto das 8h do dia 21 de junho de 2025, quando o piloto, Elves Crescêncio, e 20 turistas saíram para um voo em um balão da empresa Sobrevoar perto da Cachoeira Nova Fátima. Durante a decolagem, o piloto percebeu, depois de cerca de cinco minutos no ar, que o balão estava pegando fogo.

À polícia, Elves relatou que o fogo começou em um maçarico auxiliar que estava no chão do cesto e, em seguida, se espalhou para a capa de tecido que envolvia um cilindro de gás. Ele disse que jogou o maçarico para fora e tentou usar um extintor de incêndio que não funcionou. 

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Elves, então, forçou um pouso emergencial e avisou a todos que pulassem quando o balão tocasse o solo. Ele foi um dos primeiros a pular, segundo relatos dos sobreviventes. No total, 13 passageiros conseguiram sair. Com menos peso e mais fogo, o balão voltou a subir, levando oito pessoas que não conseguiram escapar.

Vídeos feitos por pessoas que estavam no local no momento do acidente registraram o drama em Praia Grande. O balão pega fogo e, poucos segundos depois, o cesto se solta, provocando as mortes. 

Veja fotos do local do acidente

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