Ao passo em que entra no quinto mês de pandemia, Santa Catarina ultrapassou a triste marca de mil vidas perdidas para o coronavírus. Pessoas com ou sem comorbidades, que reforçam ou contrariam as estatísticas de grupos de risco. Por uma doença ainda nova – embora tão presente nos últimos meses, que até parece que já conhecemos faz tempo – e cujo comportamento ainda impressiona a cada novo caso. Na luta contra o coronavírus, você pode ter apenas um resfriado enquanto a pessoa ao lado vai parar na UTI.

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A trajetória de Jalbas de Souza, por exemplo, vai da vitória em uma batalha à queda em outra. A família do morador de Joinville vai lembrar dele como o homem feliz, que se recuperou em tempo recorde de um transplante de rim. Um homem que se via curado e sem precisar das sessões de diálise que o acompanhavam antes, mas que foi parado pela Covid-19.

Ele havia passado o último ano à espera de um transplante de rim, até conseguir o órgão compatível, cerca de dois meses atrás. A cirurgia foi um sucesso e a recuperação impressionou os médicos. Em uma semana Jalbas estava em casa. O homem de 69 anos estava bem, feliz, mas com a imunidade muito baixa por causa do transplante. Quando voltou ao hospital para alguns procedimentos pós-transplante, o coronavírus apareceu.

– Ele estava bem, fez um procedimento rápido no hospital. Me ligou numa quinta-feira pedindo para eu visitar no sábado e levar um chinelo para ele no hospital, que na segunda-feira ele teria alta. No sábado quando fui, ele já estava intubado. Passou muito mal na sexta-feira à noite, teve uma queda de pressão, estava febril, sem conseguir respirar. Foi muito rápido, de um dia para o outro – lembra o filho de Jalbas, Vitor Roberto de Souza.

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Jalbas acabou ficando uma semana internado na UTI até morrer. Sem direito a um velório por causa das medidas sanitárias, foi enterrado no mesmo dia em uma cerimônia pequena.

– O caixão vai direto pra sepultar, sem canto, sem oração, sem poder velar. A gente ficou muito abalado, não tem direito de se despedir. A família não tem visão dele doente, de tão rápido que foi. Só viram ele bem depois do transplante – conta o filho.

Nascido em Garuva, Jalbas morou desde a infância em Joinville. Trabalhou a vida inteira no setor de RH da mesma empresa. Depois de aposentado, dedicou o tempo livre ao hobby de criar passarinhos. Os curiós da casa eram a alegria dele. Apaixonado pelo Flamengo, adorava assistir futebol. Com três filhos, oito netos e dois bisnetos, era apegado à família e um homem muito querido por toda a vizinhança, que até agora sente o luto da perda.

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