O esquema financeiro investigado pela PF na operação Ouranós, que cumpriu 28 mandados nesta terça-feira (29), transformou seis jovens de classe média de Balneário Camboriú em “faria limers” com bilhões de reais em movimentações financeiras, majoritariamente ilegais. Um negócio que começou com lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, e se transformou rapidamente em um império.

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As investigações da Polícia Federal apontam que, do núcleo duro de investigados, que tem 11 pessoas, seis estão no esquema desde o início, em 2020. São homens e mulheres, agentes do mercado financeiro, que passaram a operar títulos e valores imobiliários, chamados DTVM, com oferta pública de investimentos coletivos para aplicação em criptomoedas – sem registro nem controle dos órgãos oficiais, em um tipo de pirâmide financeira.

Uma parte das operações iniciais foi utilizada para esquentar dinheiro de traficantes do Paraná. Mas a lavagem do tráfico era apenas uma parte do esquema, segundo as investigações. A PF apurou que a empresa ilegal serviu como lastro financeiro para que o grupo montasse uma nova empresa, legalizada, operando oficialmente no mercado financeiro.

Esquema bilionário de pirâmide financeira que surgiu em Balneário Camboriú é alvo da PF

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A ascensão foi meteórica. De Balneário Camboriú, a sede da empresa se transferiu para Curitiba (PR) e de lá para São Paulo (SP), onde passou a ocupar escritórios em alguns dos mais cobiçados endereços do mercado financeiro, na Vila Olímpia e na Avenida Brigadeiro Faria Lima.

O ritmo de crescimento, desde então, é considerado fora da curva. Dois novos escritórios eram abertos por mês em todo o Brasil, com mais de sete mil clientes registrados, e a movimentação financeira ultrapassa R$ 1,3 bilhão. O valor não é apenas uma estimativa: foi aferido pela PF com base nas operações registradas pelo grupo.

Grupo turbinado da PF vai combater facções e lavagem de dinheiro em SC

Tanto dinheiro possibilitou aos sócios uma vida nada discreta. De classe média, eles passaram a ostentar um padrão “altíssimo”, segundo fontes ouvidas pela coluna. Na operação de terça-feira, foi apreendido um jatinho, dois iates que somam mais de R$ 50 milhões, uma Ferrari de valor não divulgado, e sequestrados centenas de apartamentos – entre eles, imóveis de luxo em Balneário Camboriú que, agora, são utilizados esporadicamente pelos sócios, que hoje vivem em São Paulo.

Além do núcleo duro, a PF investiga mais de 100 pessoas que trabalham nas empresas do grupo. Um dos focos das investigações é descobrir se já havia clientes lesados pelo esquema, que funciona numa espécie de “bolha”, prestes a estourar.

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Veja imagens da operação:

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