O anúncio de um complexo de edifícios no Canto Norte da Praia Brava, em Itajaí – incluindo um hotel seis estrelas da rede Emiliano – sela o avanço da construção civil sobre uma das áreas mais cobiçadas do Litoral Norte de Santa Catarina, que chegou a ser foco de grandes protestos pela preservação e permaneceu quase intocada ao longo das últimas décadas.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
Nos últimos meses, pelo menos dois grandes empreendimentos foram anunciados para a região do Canto Norte. São condomínios de alto luxo, que vendem a promessa de exclusividade em meio à natureza. Antes refúgio dos surfistas, a Praia Brava se tornou a bola da vez para os imóveis voltados ao público “Triplo A”.
Por enquanto, a “vibe” do Canto Norte ainda lembra o estilo original da Praia Brava no início dos anos 2000. O acesso é mais difícil do que no Canto Sul, o que torna a praia mais isolada. A proximidade do paredão de pedras, ao Norte da praia, torna a paisagem uma das mais bonitas da região. Um patrimônio de Itajaí.
Líder gaúcha no mercado imobiliário desembarca em SC com R$ 10 bilhões em projetos
Continua depois da publicidade
O Canto Norte viveu uma longa queda de braços entre o setor econômico, que pressionou por mudanças nos parâmetros do Plano Diretor, e a Associação de Moradores da Brava, que tentou preservar o máximo possível da área. Nos últimos 10 anos, o local foi alvo de protestos de grande repercussão, que tiveram alcance nacional, como o Abraço ao Canto do Morcego, que pediu a interrupção das liberações de obras no local.
Este, aliás, é um ponto curioso: a liberação de construções no Canto Norte passou por um “rebranding”. O local era popularmente chamado de Canto do Morcego, onde ficavam bares pé na areia como Galera´s, Kiwi, e o remanescente Warung, que ganhou status de templo da música eletrônica, listado entre os melhores do mundo. Diante dos protestos, a prefeitura passou a chamar o local de Canto Norte. Demorou, mas o novo nome pegou.
Supercoberturas transformam antigo refúgio de surfistas em praia dos milionários em SC
Boa parte dos terrenos do Canto Norte é área de preservação, o que tem “segurado” a velocidade das construções. Até a aprovação do novo Plano Diretor, apenas um empreendimento havia sido erguido à beira-mar, beneficiado por uma lei antiga. Os novos empreendimentos anunciados para o local preveem a manutenção de áreas preservadas.
O novo Plano Diretor de Itajaí limita em até seis andares a primeira faixa de zonemento, e recuo de 50 metros a partir do mar. Mas os limites são voláteis, regulados pelas leis de outorga onerosa e solo criado, que aumentam o potencial construtivo. Um acordo judicial, no entanto, prevê que seja observado o cone de sombreamento, para evitar danos à restinga e à fauna.
Continua depois da publicidade