O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, inaugurou oficialmente na segunda-feira um novo tipo de política pública para gerir a pandemia. A que é feita “até onde é possível”. A expressão está na nota emitida pela própria prefeitura para explicar por que, em menos de uma semana, decidiu fechar e reabrir estabelecimentos como shoppings e academias.
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Fazer “o possível” diante da pressão contrária é a explicação para uma medida que, como a própria prefeitura reconhece, não é a ideal. A decisão foi embalada em uma nota com forte apelo midiático, em que o prefeito se coloca como vítima de pressões por todos os lados – da falta de sintonia com as prefeituras da Grande Florianópolis à inércia do Governo do Estado, passando pela falta de adesão da população.
Nos bastidores, o mesmo discurso é repetido por prefeitos em todos os cantos do Estado – todos pressionados e assombrados pela proximidade das eleições municipais. Este cenário não mudou. O que mudou foi a resposta de Gean Loureiro à crise.
Semanas atrás, o prefeito foi notícia nacional ao peitar o Governo do Estado e tomar a contramão da maior parte do país. Como resultado, Florianópolis foi destaque positivo, com mais de 30 dias sem nenhum óbito por covid-19.
Gean surfou a onda da popularidade enquanto pode – mas, justo agora, quando a situação da pandemia agrava, a postura do gestor que toma decisões com critério científico estremeceu.
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A prefeitura não segurou a onda, justamente no momento em que a ocupação dos leitos de UTI atinge 86% – o índice mais alto na Capital, desde o início da pandemia. As estatísticas diárias da Secretaria de Estado da Saúde mostram que vivemos uma aceleração em número de casos e de mortes.
Há alguns dias, o próprio prefeito afirmou que o abre-fecha era o pior que poderia ocorrer neste momento. É exatamente o que ocorre em Florianópolis.
Como escreveu o colega Anderson Silva, se era para voltar atrás, a Capital poderia ter permanecido onde estava. Ao retroceder, a prefeitura envia sinais trocados à população sobre o embasamento das políticas públicas e a escolha das prioridades – e os índices de isolamento social e adesão às regras, que já não é bom, tende a piorar.
Há seis dias, quando anunciou as novas medidas restritivas, Gean, que é muito ativo nas redes sociais, justificou os novos fechamentos assim: “Algumas pessoas se acostumaram a ver ações depois da coisa descambar. Eu não vou pagar pra ver”. Pelo visto, mudou de ideia.
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