Entre tantas lições que 2020 nos ensinou, uma delas é que quase tudo pode ser resolvido online. O ano teve encontro de família à distância, reunião de empresa por aplicativo, formatura e até casamento celebrado pela tela de um computador. Por isso, parece tão fora de propósito que algumas cidades de Santa Catarina tenham mantido eventos presenciais para a posse de prefeitos, vices e vereadores neste 1º de janeiro. E, em alguns casos, com convidados.

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> Em meio à pandemia, posses de prefeitos e vereadores eleitos terão eventos presenciais em SC

A posse é uma das formalidades do processo eleitoral. Antes dela, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) faz a proclamação dos resultados e a diplomação dos eleitos – o que, desta vez, também teve diferentes modelos no Estado. Houve diplomação presencial, semipresencial e 100% virtual em dezembro.

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A última etapa é a cerimônia de posse, que a Constituição Federal estabelece que seja organizada pelo Legislativo. Nas cidades, cabe à Câmara de Vereadores. Trata-se de uma sessão solene, em que prefeito, vice e parlamentares são investidos do cargo – um rito democrático, portanto. Mas nada que não possa ser feito à distância em época de pandemia.

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Desta vez, a posse coincide com um momento em que o sistema de saúde está sobrecarregado em SC, e mais de 5 mil famílias choram a morte de um catarinense que foi vítima da Covid-19. Doze, das 16 regiões do Estado, seguem em nível gravíssimo de risco.

As solenidades selarão um processo eleitoral que foi marcado pelo fiasco. Teve candidato que desrespeitou as regras sanitárias ao longo de toda a campanha, e eleitos que fizeram festa e aglomeração depois da divulgação dos resultados.

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O mau exemplo nas eleições ajudou a aprofundar a crise de autoridade vivida no Estado e deu argumentos para quem, cansado das medidas restritivas, já andava ansioso por ‘chutar o balde’. 

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Com a cerimônia marcada, e convidados escalados – mesmo em cidades que estão em nível gravíssimo de risco, como Joinville e Itajaí – os prefeitos perdem autoridade para cobrar dos cidadãos que não aglomerem e para fiscalizar os eventos clandestinos que abundam neste Réveillon.

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As posses presenciais, depois de um ano em que os catarinenses abriram mão de todo tipo de confraternização, e as empresas que promovem eventos estão sob graves dificuldades financeiras, mostram governantes desconectados da realidade. Não há dúvidas de que se trata de um ato simbólico e histórico, mas esta não é uma virada de ano normal. Mais importante do que garantir a foto da cerimônia deveria ser governar e legislar com espírito público. Desde o primeiro dia. 

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