A última semana foi de aflições que trouxeram à rotina dos tubaronenses um drama vivido há 48 anos: a cheia de 1974 pautou não apenas a memória, mas também o cotidiano de Tubarão entre segunda (2) e quinta-feira (5). O município, de pouco mais de 106 mil habitantes, foi o mais impactado no Sul com os alagamentos registrados em Santa Catarina.

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No auge, na quarta-feira (4), o Rio Tubarão esteve 7 metros acima do nível normal. Na medição da tarde deste domingo (8), já eram 2m67cm, um indice administrável e que permite a volta da vida ao normal na cidade.

Inegável que a força da chuva beirou o descomunal. Porém, a história conta que Tubarão é naturalmente suscetível a problemas do gênero e que olha para o rio sempre com desconfiança. Eis mais uma prova de que o brasileiro não sabe lidar com prevenção. É preciso acontecer para, diante do caos, agir. 

A falta de prevenção às cheias: problema crônico
A falta de prevenção às cheias: problema crônico (Foto: Prefeitura de Tubarão / Divulgação)

A revolta é recorrente e justificada entre os tubaronenses pela falta de soluções permanentes. Foi mais um episódio em que o fantasma de 74 encheu de água as casas, e nem essas quase cinco décadas foram suficientes para ensinar.

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Não há mais desabrigados

Os quase 850 desabrigados já instalados para suas casas. – O desassoreamento do Rio Tubarão é uma ação que estamos vencendo as burocracias preliminares para que possa ser encaminhada – anunciou Moisés. – Mas acredito que uma barragem seja uma solução – sublinhou. 

Essa hipótese, de investir em barragens para controlar os níveis dos rios da bacia do Tubarão, foi sugerida por Moisés e avalizada por Ponticelli. A Defesa Civil ficou encarregada de avançar nos estudos para tentar, o quanto antes, tirar a ideia do papel.

Governador esteve em Tubarão e sugeriu a construção de barragens
Governador esteve em Tubarão e sugeriu a construção de barragens (Foto: Prefeitura de Tubarão / Divulgação)

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O canal da polêmica

Durante a crise, quando boa parte de Tubarão estava debaixo d´água, diversos bairros castigados e até o comércio fechou as portas, o prefeito precisou encarar uma polêmica. Ele defendeu, e o Município executou, a abertura de um canal que escoou águas dos bairros São Martinho e Vila Esperança, dois dos mais impactados, em direção ao Rio Capivari. O temor dos opositores da medida era que a ação provocasse a cheia desse rio e alagasse outras regiões.

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A iniciativa surtiu efeito positivo. O canal foi aberto sob trecho da BR-101 e contou com as colaborações da CCR ViaCosteira, concessionária da rodovia, e da Diamante Energia, empresa gestora do Complexo Termelétrico de Capivari de Baixo e proprietária da área por onde passou o canal provisório que escoou as águas das cheias.

Mutirões de limpeza estão sendo feitos em toda a cidade
Mutirões de limpeza estão sendo feitos em toda a cidade (Foto: Prefeitura de Tubarão / Divulgação)

Outra providência que auxiliou na vazão da bacia do Rio Tubarão foi a abertura, às pressas, do canal da Barra do Camacho, entre os municípios de Laguna e Jaguaruna. Trata-se de um ponto que passa por processo de dragagem e desassoreamento. Com o canal provisório viabilizado, muita água vazou dos rios Tubarão e da Madre em direção ao oceano.

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Quatro presos foragidos

Nem as unidades prisionais de Tubarão escaparam das cheias. O presídio e a penitenciária tiveram que ser evacuados na quinta-feira. Com isso, 750 presos foram transferidos às pressas para outras unidades. 

A penitenciária alagada na quinta-feira
A penitenciária alagada na quinta-feira (Foto: Divulgação)

Nesses procedimentos, 12 conseguiram fugir e oito já foram recapturados. Quatro ainda estão foragidos e sendo caçados pela polícia na região.

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