Com alta carga tributária, o Brasil está perdendo a corrida dos veículos elétricos. Uma alternativa para inclusão mais acessível e ampla nesse setor é a conversão de carros à combustão em elétricos. É essa a principal mensagem de pesquisadores do Instituto Federal de Santa Catarina e de empresas como a WEG no Congresso Internacional de Mobilidade (Mobisul IV) que se encerra hoje em Florianópolis. No final do evento, nesta quinta-feira, será divulgada uma carta com o desafios do segmento.
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No ambiente do congresso, que acontece no IFSC de Coqueiros, estão expostos veículos que integram frotas de pesquisas, que foram convertidos de combustão a elétricos. Segundo o professor e pesquisador do Instituto, Erwin WernerTeichmann, atualmente, um kit de conversão custa entre R$ 60 mil e R$ 100 mil, dependendo da quantidade de baterias. Mesmo assim, é um valor mais acessível do que os carros elétricos novos porque o mais barato no país está em R$ 160 mil e os mais caros chegam a R$ 1,250 milhão.
Em pesquisa que conta com parceria da Celesc, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Polo Embrapii, o IFSC já criou kit de conversão para uma Fiorino, com potência equivalente a de um Tesla. Também criou sistemas para um fusca e mais dois veículos. O projeto foca a conversão de frotas de empresas públicas.
Conforme o professor, essa alternativa também está em linha com o que o setor privado está fazendo. A WEG, empresa de Jaraguá do Sul, já converteu automóveis, caminhões e até uma retroescavadeira (foto).
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Organizador do Mobisul junto com o IFSC e sócio da rede de estacionamentos Safe Park, o empresário André Ostermann alterta que o Brasil está muito atrasado frente a outras regiões do mundo em mobilidade elétrica. Observa que enquanto a Europa tem cerca de 8% de veículos movidos a energia, no Brasil são apenas 1% do total. Para ele, é preciso acelerar e a geração solar é uma alternativa para abastecer esses carros.
Para o empresário Diogo Seixas, que é fornecedor de soluções para a eletrificação de veículos e sócio da NeoCharge, que instala eletropostos, os principais obstáculos ao setor são a alta carga tributária e falta de legislação. Segundo ele, países desenvolvidos como o Canadá fizeram as contas e concluíram que vale a pena reduzir os custos do setor. Um dos motivos é a queda da poluição, o que melhora a saúde em geral.
O professor Erwin Teichmann também alerta sobre a falta de legislação. O Brasil tem leis específica para o uso de veículo convertido para mobilidade a gás natural, mas não tem para um que usa kit de energia elétrica. Sem uma lei, não dá para produzir em série.