Num primeiro momento, o Brasil ficou em boa posição na lista das tarifas recíprocas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira, ao ter imposta a tarifa mínima de 10% – exceto a de 25% de automóveis a todos os países. Isso abre oportunidades para exportadores brasileiros ampliarem negócios com o mercado americano, avalia o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Pablo Bittencourt. Para ele, a decisão dos EUA é de grande impacto na ordem econômica internacional dos últimos 60 anos e vai gerar retaliações dos mercados mais impactados.
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– Acho que o primeiro elemento que não se pode ter dúvida é de que ficou boa a posição brasileira, especialmente no curto prazo. Mesmo que a gente venha ter algum nível de queda de demanda total de importações dos Estados Unidos, o fato de a tarifa ter ficado menor para o Brasil do que para a maioria dos outros países do mundo, o país ficou com a tarifa mínima, de 10%, existe uma grande chance de os exportadores brasileiros ganharem fatias de mercado e consolidarem esses mercados com suas estratégias de negociação e desenvolvimento de produto. Então, é uma primeira notícia, um primeiro impacto positivo ao Brasil – comentou o economista-chefe da Fiesc.
Na avaliação de Pablo Bittencourt, para a economia dos Estados Unidos, um grande choque desses vai levar a aumento de preços internos e, eventualmente, até a um movimento de estagflação de curto prazo, que quer dizer preços altos, inflação com recessão de atividade, porque o consumo deve diminuir. E no longo prazo tem diversos riscos de perda de poder americano, que incluem até a perda de força do dólar, que é uma moeda de referência internacional.
Ainda segundo ele, um grupo de países que são mais aliados dos Estados Unidos mas que têm déficit comercial consistente, tiveram tarifas em torno de 25%. Inclui México, Canadá, Coreia do Sul, Japão e a União Europeia.
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A China ficou com tarifa de 54% – os 20% anteriores mais 34% agora. E os países ligados ao bloco chinês de comércio, como Tailândia, Taiwan, Indonésia, Vietnã, tiveram tarifas médias mais altas, entre 30% e 46%. Para o economista-chefe da Fiesc, essa decisão é mais uma prova de que todas as ações dos Estados Unidos estão voltadas fortemente à diminuição do poderio chinês, que é o grande adversário econômico do país.
– Além disso, é bom ter bem claro que haverá retaliações dos diversos países que foram mais atingidos pelos Estados Unidos. Eu cito China, Coreia do Sul e Japão, que superaram dificuldades históricas para anunciar uma resposta conjunta a esse choque tarifário americano. A gente vai ver agora, durante essa semana, durante a próxima semana, quais serão essas respostas. Mas o importante é que os Estados Unidos são um grande competidor com o agronegócio brasileiro e essas retaliações devem abrir mercados, especialmente no Oriente. Esses países mais do bloco chinês devem abrir mercados para o agronegócio brasileiro – destacou Pablo Bittenocurt.
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