O presidente Donald Trump anunciou na tarde desta quarta-feira (2) um “tarifaço” global. A série de impostos de importação fazem parte do que ele chamou de “Dia da Libertação” e têm gerado reações nos mercados ao redor do mundo. Para o Brasil, as tarifas anunciadas foram de 10%, mesmo valor praticado pelo nosso país no mercado norte-americano, segundo Trump.

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De modo geral, outros países têm visto o “tarifaço” como uma medida destrutiva para a economia global, e pretendem retaliar. No Brasil, o sentimento entre exportadores e o governo é de apreensão. Na terça (1º), o Senado aprovou um projeto como resposta às tarifas americanas. O projeto também foi aprovado na Câmara nesta quarta-feira.

As tarifas recíprocas são para países que cobram taxa de importação de produtos norte-americanos. O nome de “Dia da Libertação” se dá porque o presidente afirma que o conjunto de taxas “libertará os EUA de produtos estrangeiros”.

Segundo Trump, os Estados Unidos sofrem tratamento injusto de outros países, que vendem para o país e cobram taxas de produtos americanos em seus mercados para impedir a competição com produtos nacionais. 

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Trump acredita que com essa medida vai atrair para os Estados Unidos investimentos produtivos e empregos que migraram para outros países nas últimas décadas.

Tarifaço anunciado

O primeiro anúncio foi da aplicação de 25% de tarifas em todos os automóveis importados. A medida, que tem como foco a Europa e países asiáticos, passará a valer já nesta quinta-feira (3).

Trump citou ainda produtos da União Europeia, Austrália, China, Japão e outros parceiros comerciais, sem mencionar o Brasil. A importação da carne australiana foi alvo de críticas por parte do presidente.

— As tarifas serão de pelo menos metade do que eles estão cobrando da gente — apontou Donald Trump.

Em seguida, Trump revelou uma tabela com uma lista de países, que mostrava o valor das taxas aplicadas pelos países contra os EUA e o quanto os Estados Unidos pretendem aplicar de tarifa para os produtos dos referidos países.

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Confira os cinco primeiros da lista:

  • China: 67% e 34%
  • União Europeia: 39% e 20%
  • Vietnã: 90% e 46%
  • Taiwan: 64% e 32%
  • Japão: 46% e 24%

No caso do Brasil, o presidente americano destacou que as tarifas cobradas atualmente dos EUA são de 10%. Assim, os Estados Unidos irão aplicar tarifas similares, também de 10%, para os produtos brasileiros.

Câmara aprova urgência em lei contra tarifaço de Trump

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou na terça-feira (1º) um projeto que cria a Lei da Reciprocidade Econômica. A medida é uma resposta ao tarifaço do presidente americano Donald Trump e propõe mecanismos e autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros.

O texto prevê que o governo federal poderá agir para combater decisões unilaterais estrangeiras que:

  • violem e prejudiquem acordos comerciais do Brasil;
  • ameacem ou apliquem sobretaxas; ou
  • decretem critérios ambientais para produtos brasileiros, mais rígidos do que os aplicados para os mesmos produtos nos países importadores.

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A proposta tem apoio do governo e da bancada do agronegócio. Além de responder às sobretaxas anunciadas recentemente por Trump em relação a produtos de fora, a medida também mira em ações da União Europeia contra a agropecuária brasileira — incluindo a resistência em assinar o acordo com o Mercosul — por suposta falta de compromisso ambiental.

A Câmara dos Deputados aprovou caráter de urgência para análise da proposta, que pode ser votada ainda nesta quarta (2). Se aprovada, a proposta segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Atualmente, o Brasil não adota tarifas específicas contra países. As regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) preveem o princípio da “nação mais favorecida” entre seus membros — ou seja, a proibição de favorecer ou penalizar um colega de OMC com tarifas.

Em discursos recentes, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem defendendo que o Brasil adote a reciprocidade em casos de taxação.

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