A aeronave Boeing 747-400F, também conhecida como jumbo, é considerada a rainha dos ares por conseguir decolar com quase 400 mil quilos (precisamente até 396.900). Uma dessas gigantes pousou na tarde desta quinta-feira (11), às 15h02min, no Aeroporto Internacional de Florianópolis, colocando o terminal catarinense no mapa dos aeroportos de transporte de cargas internacionais.
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O Floripa Airport Cargo é o empreendimento que o Estado sempre sonhou ter mas não conseguiu viabilizar no norte catarinense, em Araquari ou São Francisco do Sul, perto de portos e ferrovias e da atividade econômica industrial mais intensiva. Muitas vezes, em cargas normais ou de emergência, empresas locais têm que receber insumos de cargas aéreas em São Paulo. A alternativa em Florianópolis é mais barata e rápida, quer pelos incentivos, quer pela proximidade.
O cargueiro que chegou nesta tarde veio de Hangzhou, China, e trouxe 700 metros cúbicos de EPIs, equipamentos de proteção individual, em contrato privado de importação. Segundo a concessionária Floripa Airport, esta é a primeira vez que o terminal recebe um Boeing 747-200F. Ele pertence a uma companhia da República da Moldávia, ao lado da Ucrânia.
Desde que assumiu a concessão do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, de Florianópolis, o grupo suíço Zurich Airport sempre considerou a opção de carga como uma parte importante do negócio. Além da construção do moderno terminal, a companhia fez obras de melhorias na pista de pouso e no pátio para poder realizar esse tipo de operação, informa o diretor geral da Floripa Airport, Ricardo Gesse.
Para o executivo, Santa Catarina tem potencial para ser também um polo logístico aéreo do sul do Brasil. Por mar, já conta com cinco portos. Gesse afirma que o Estado tem condições diferenciadas para o transporte internacional de mercadorias por ter um dos programas de incentivos fiscais mais atrativos do país para essa atividade.
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Entre os diferenciais oferecidos pelo terminal de cargas de Florianópolis estão eficiência operacional ao liberar 71% das cargas em 24 horas, segurança, e infraestrutura de armazenamento. Também foram melhoradas as estruturas para os fiscais da Receita Federal fazerem o seu trabalho. Outro ponto alto são as boas condições de pouso: pista de qualidade, na altura o nível do mar e baixo índice de fechamento para voos devido a condições climáticas.
Conforme Ricardo Gesse, o Floripa Airport Cargo tem condições de receber ao mesmo tempo até três unidades de jumbo 747-400F. No mês de abril, foram movimentadas mercadorias no valor de R$ 43 milhões. Atualmente, o transporte de cargas do aeroporto vai muito além de equipamentos eletrônicos, insumos médicos e ostras (iguaria que vai de avião para diversas cidades do Brasil).
O sonho de um aeroporto para cargas
A necessidade de um aeroporto de cargas em Santa Catarina sempre foi um tema recorrente nos projetos de desenvolvimento estratégico do Estado. A SCPar, empresa de investimentos público-privados que nasceu no primeiro governo de Luiz Henrique da Silveira (2003 a 2006) como SC Parcerias, fez estudos para um grande aeroporto regional em Araquari, com o objetivo de conectar modais logísticos na região que tem forte atividade econômica.
Em 2010, o projeto de lei número 64/10 da Assembleia Legislativa criou o Complexo Intermodal Catarinense que seria articulado pela SC Parcerias com investidores privados. Foram reservados R$ 12 milhões para as primeiras desapropriações, mas o projeto não avançou.
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Em maio de 2019, a empresa CMO Construções Offshore, do Rio de Janeiro, que tem um projeto de estaleiro para São Francisco do Sul, apresentou para a associação dos municípios da região, a Amunesc, projeto de aeroporto de carga a ser sediado em São Francisco do Sul, fazendo conexão com os demais modais logísticos: ferrovias e portos. Esse plano também não avançou. Agora, Santa Catarina ganhou na Capital terminal de cargas privado com padrão suíço. É um investimento já concretizado. Basta ampliar sua utilização.