Como o mercado passou a ver menos riscos nas prováveis medidas econômicas que os candidatos que lideram as pesquisas eleitorais possam adotar, na quinta (28) o dólar teve uma retração de 0,85% e ficou abaixo do patamar das últimas semanas, fechando a R$ 3,992 para compra. Em palestra na Jornada Expogestão, ontem, em Balneário Camboriú, o economista Samuel Pessoa, sócio da Realiance e professor da FGV, afirmou que a moeda deve se estabilizar após a eleição em torno de R$ 3,9.

Continua depois da publicidade

Segundo ele, esse patamar alto é porque a variação de R$ 3,2 do início do ano para a média recente de R$ 4,1, apenas 20% resulta da instabilidade política brasileira. A maior parte da alta vem dos problemas da conjuntura internacional, especialmente resultado do crescimento da economia americana em torno de 3% ao ano, acima do potencial esperado com base nas condições de mercado, que seria próximo de 1,5% ao ano. Isso afetou as economias emergentes com problemas, especialmente a Argentina, cujo governo tinha elevado endividamento em dólar, e a Turquia, que tinha muitas empresas com dívidas na moeda americana.

Na opinião de Pessoa, o candidato à presidência que vencer a eleição no Brasil vai procurar ajustar as contas públicas logo que assumir, porque só assim poderá colocar a economia numa rota de crescimento. A estabilidade econômica é que garantirá a estabilidade política e isso interessa ao grupo que chegar ao poder.

 

Expectativas com a eleição

Continua depois da publicidade

Cenários possíveis com base nas propostas dos candidatos à presidência foram destaque no evento em Balneário Camboriú. Segundo o cientista político Carlos Pereira (foto), da FGV, se vencer, Jair Bolsonaro (PSL) deverá adotar uma política econômica ortodoxa e poderá ter conflitos com o Judiciário e movimentos sociais. Fernando Haddad (PT), se vitorioso, deve adotar uma política econômica heterodoxa e seu governo pode ter conflitos com algumas instituições. Ciro Gomes, do PDT, também pode optar pela heterodoxia na área econômica e teria menor risco de conflito institucional. Geraldo Alckmin (PSDB) faria uma gestão econômica inclusiva.

 

Dúvidas para investir

Presentes na Jornada Expogestão, industriais revelaram estratégias diferentes para  investimentos. Quem está com forte participação no mercado externo segue investindo, mas quem atua só no mercado interno aguarda o rumo da economia para decidir sobre grandes projetos, informou o empresário Alonso Torres, diretor da Opera Eventos, realizadora da jornada. 

 

Leia também:

“Criamos um país de rentistas”, afirma Antônio Lacerda, professor de economia

Voto de Merisio em Bolsonaro não gera surpresa

Evitando comparações a Lula, Bolsonaro não lança carta aos brasileiros