Missão empresarial de 10 dias da Associação Náutica Brasileira (Acatmar), a convite do governo do Reino Unido, está conhecendo todo setor da economia do mar do país europeu. O presidente da Acatmar, Leandro ‘Mané’ Ferrari, que lidera o grupo, destaca que foi possível conhecer melhor serviços integrados, tecnologias de ponta e identificar possíveis parcerias institucionais e comerciais.
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Segundo Mané Ferrari, essa viagem estava sendo alinhavada com o governo britânico há dois anos. A Acatmar representa a cadeia produtiva do setor náutico no Brasil, incluindo indústria, comércio, serviços e turismo. O plano é firmar um acordo com a British Marine, entidade que faz representação assim no Reino Unido.
– Tivemos reunião com lideranças do ministério do Desenvolvimento do Reino Unido para entender com eles como o governo ajuda a fomentar as empresas do setor náutico. O governo faz toda a infraestrutura de trapiches flutuantes e áreas receptivas, para que as empresas possam concessionar essas áreas para prestação de serviços. O governo investe para o setor crescer, gerar emprego e renda – disse o presidente da Acatmar.
Rio Tâmisa como uma rodovia
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Para mostrar como o transporte aquático funciona em Londres, os empresários catarinenses foram convidados a conhecer uma empresa que presta serviço de transporte turístico desde 1985 no Rio Tâmisa, a City Cruises, que faz passeios em Londres.
Com 20 barcos de passeio com capacidade de até 600 passageiros, ela transporta cerca de 4 milhões de pessoas por ano. Tem parcerias com empresas de ônibus e metrô, para que os passageiros usem outros transportes até o rio usando um único cartão.
– Conhecemos a Uber Boat, que usa barcos trimaran para o transporte da população. As pessoas veem hoje o Rio Tâmisa como uma rodovia. É por lá que passam para ir trabalhar e fazer turismo. Eles realmente entendem que as vias navegáveis são para fortalecer a economia local. Aqui, governo, setor público e privado trabalham sempre alinhados para fortalecer o setor da economia do mar – constata Mané Ferrari.
Motorização elétrica de barcos
O uso de propulsão elétrica para o setor náutico já chegou à parte das embarcações pequenas e é pesquisada para modelos maiores. Mas os britânicos ainda não definiram um prazo para acabar com o uso de motores diesel ou à gasolina, a exemplo do que definiram para automóveis, que a partir de janeiro de 2030 não poderão mais ser comercializados.
– O mundo inteiro está começando a trabalhar motorização elétrica para barcos de passeio. Aqui, eles trabalham isso tanto para barcos de trabalho, quanto de passeio, turísticos e embarcações de lazer. É um conjunto completo para ter um setor completo mais sustentável – disse o presidente da Acatmar.
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Uma das empresas visitadas pelo grupo faz motores elétricos de até 55 HPs. Chamou a atenção o perfil do negócio, que não requer grande linha de montagem porque motor elétrico é composto basicamente com placas. Eles informaram que, facilmente, podem instalar uma montadora dessas em qualquer país do mundo.
Tecnologias para o mar
A missão da Acatmar, integrada principalmente por empresários de SC, iniciou dia 13 e vai este domingo, dia 23. No roteiro, foram incluídas visitas a duas feiras. A Ocean Business, em Southampton, voltada à tecnologias e à Luxury Afloat, em Londres, que foca tudo para embarcações de luxo.
De acordo com Mané Ferrari, o que chamou a atenção na área de novas tecnologias em Southampton, maior cidade portuária do Sul da Inglaterra, foi o uso de robótica, drones e equipamentos eletrônicos. As análises de pilastras de pontes submersas, por exemplo, não são mais feitas por mergulhadores, mas por embarcações não tripuladas que mergulham até o fundo do mar e são comandas à distância por drones.
Na opinião dele, os serviços de batimetria (medição de profundidade) nas baías Norte e Sul, em Florianópolis, por exemplo, poderiam ser feitos mais rapidamente e com mais segurança com essas embarcações autônomas.
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Parcerias com o Brasil e SC
Como a missão não teve integrante do governo catarinense, a associação levou para os britânicos informações sobre o Pronáutica, programa de incentivos fiscais do Estado para indústrias de embarcações instaladas em Santa Catarina.
O principal tributo, ICMS, tem alíquota reduzida de 25% para 3% a 7% a quem fabrica no Estado. Esse é uma das principais razões de o setor náutico de esporte e lazer ter o maior polo brasileiro em SC, cerca de 70% do total. Tem, também, a maior parte de importação de componentes.
Segundo Mané Ferrari, entre os temas em negociação com os ingleses está uma parceria entre a Acatmar e a British Marine, que tem atuação semelhante no Reino Unido. A associação brasileira já tem parceria assim com a principal entidade do setor náutico da Itália. Ela até realizou evento nesta quinta-feira na Ocean Race em Itajaí porque a regata vai se encerrar este ano em Gênova, Itália, depois de passar pelos Estados Unidos.
Empresários catarinenses que integram a missão também iniciaram negociações para importação de tecnologias e potenciais oportunidades de exportações.
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