Começa a vigorar na próxima semana a presidência pro tempore do Mercosul sob a gestão do presidente da Argentina, Javier Milei. A expectativa é de que ele deverá propor o início de uma discussão de acordo comercial entre o Mercosul e os Estados Unidos. A informação é do conselheiro da embaixada do Brasil na Argentina, Leonardo Valverde, que durante webinar sobre negócios entre Brasil e Argentina, nesta quinta-feira, disse que esta semana, tanto Milei quanto o chanceler argentino Gerardo Werthein fizeram manifestação sobre esse interesse do país.

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O webinar foi promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para discutir mudanças adotadas pelo governo argentino que facilitam os negócios entre os dois países. O evento foi aberto pelo presidente da federação catarinense, Mario Cezar de Aguiar, que ressaltou a relevância do aprofundamento das relações comerciais bilaterais e a participação de especialistas argentinos demonstrando, uma a uma, as mudanças implementadas por Milei nas operações aduaneiras, cambiais e operacionais. Participaram líderes de entidades privadas, empresas e o diplomata brasileiro Leonardo Valverde. Entidades empresariais se manifestaram a favor do acordo.

 – Não houve, vou deixar claro, até o momento uma formalização dentro das normas do Mercosul para o início de uma discussão. O que eu imagino, baseado nas manifestações dessas novas autoridades argentinas, é que assim que tiver início a presidência pro tempore da Argentina, na próxima semana, o governo argentino deverá propor o início dessa reflexão, inicialmente dentro do Mercosul, para a definição, eventualmente, se houver consenso. As normas do Mercosul exigem, além do consenso, de um mandato negociador, de parâmetros para uma negociação – afirmou o conselheiro Valverde.

Segundo ele,  isso exigirá também do ponto de vista brasileiro, um processo de consulta amplo junto aos órgãos do governo brasileiro envolvidos, como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Ministério da Agricultura e o setor privado.

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-Normalmente, um processo de negociação dessa amplitude exige amplas consultas dentro dos países e, depois, uma reflexão entre os paises do Mercosul para, depois, dar início a um processo formal de negociação com os americanos. Precisamos também ver como será a receptividade de uma proposta como essa do lado americano, caso se concretize – observou Valverde.

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O setor privado dos países do Mercosul sempre desejou um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Agora, com a conclusão do acordo Mercosul e União Europeia e as mudanças tarifárias promovidas pelo presidente americano Donald Trump, muitos veem uma oportunidade para iniciar as conversações para um acordo com os EUA, que seguem a maior economia do mundo. A Argentina, com a economia em recuperação, busca novas oportunidades de negócios.

Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de Santa Catarina e o setor empresarial do estado é a favor de um acordo. A presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de SC, Maria Teresa Bustamante, destacou essa posição.

– Da minha parte e, também, do presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, somos totalmente favoráveis ao livre comércio, à celebração de acordos. Trabalhamos ativamente em todas as frentes que mostram essas possibilidades. Tanto que eu participo de conselhos empresariais da China, quanto de outros países como a Argentina, Chile e Uruguai. A ideia nossa é sempre trabalhar em conjunto com o governo brasileiro, com o Ministério das Relações Exteriores e com o Ministério de Desenvolvimento – afirmou Maitê Bustamante.  

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De acordo com ela, a Fiesc tem consciência de que há uma sensibilidade para um acordo Mercosul e Estados Unidos, mas há necessidade de investir, negociar, dialogar. Isso porque um acordo sempre tem que ter interesses de ambos os lados, sempre tem duas vias, uma que vai e outra que volta.

– Nós entendemos que o momento é este, embora existam algumas arestas que são necessárias de serem negociadas, mas não parecem ser tão difíceis assim – afirmou a presidente da câmara da entidade, que já foi negociadora de acordos internacionais representando o setor privado.

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O tema principal do webinar foi o detalhamento de mudanças nas regras de comércio internacional da Argentina para o Mercosul. O governo de Milei eliminou travas e prazos exigidos para negociações e pagamentos de exportações, que sempre geravam incômodo para exportadores brasileiros.

Maitê Bustamante observou que o governo argentino eliminou travas para fornecedores do bloco e de fora do bloco, o que significa que a preferência por compras de países do Mercosul perdeu a relevância.

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