Depois de diversas reuniões com lideranças empresariais e cálculos, o governo federal anunciou nesta quinta-feira (6) um plano para colaborar na redução da inflação de alimentos. As medidas incluem zerar o imposto de importação para alimentos básicos e outros entre os quais carne, açúcar, café e massas. Mas a expectativa é que o impacto na inflação seja pequeno porque o Brasil importa poucos alimentos e a alta de preços tem outras origens como clima, dólar, alta demanda interna e custo Brasil.

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O governo sugeriu aos estados também zerarem as tarifas de ICMS sobre alimentos básicos, mas o cenário não é favorável para estados perderem receitas com medida assim. Então, a expectativa é de que não possam aderir. Em Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Fazenda informou que está buscando mais informações para tomar uma decisão.

Entre as medidas estão, também, melhores condições de juros para produção de alimentos no Plano Safra 2025/2026 e melhoria de estoques reguladores da Conab. Essas mudanças deverão ter impacto somente no ano que vem.

A lista de alimentos com imposto de importação zerado pelo Brasil inclui também milho, azeite, óleo de girassol, sardinhas, biscoitos e outros. A maioria dos produtos tem o mercado interno como principal fornecedor. Somente o azeite de oliva tem importação quase total.  

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O governo federal precisa dar mais atenção às causas controláveis para conter preços no Brasil. Uma delas está ligada diretamente à alta demanda, causada pela economia que no ano passado cresceu acima do seu ponto de equilíbrio, com baixa taxa de desemprego.

Além disso, a União está com diversos programas sociais que geram valores expressivos para as famílias, mas aquecem o consumo. Um deles é o benefício de prestação continuada (BPC) que os analistas recomendam maior cautela. E, agora, enquanto o Banco Central segue elevando os juros para conter a inflação, o governo libera mais recursos no mercado vindos do FGTS e programa Pé de Meia.  

A União precisa dar mais atenção à participação dela na alta da inflação. Deve tentar colaborar para estabilidade da cotação do dólar, que inflaciona a maioria dos preços. Isso porque no ano de 2024, em função de dúvidas sobre o ajuste fiscal (necessidade de o governo federal gastar menos), a cotação do dólar superou R$ 6,00 no Brasil.

Para se ter ideia dos efeitos dessa maior cotação da moeda americana, os custos disso ainda estão sendo repassados aos preços de produtos vendidos em supermercados este ano. Quando o dólar sobe, alguns produtos alimentícios aumentam imediatamente, mas outros, que são matérias-primas usadas em embalagens e em outros itens, têm impactos mais tardios aos consumidores. O custo da alimentação animal também é repassado mais tarde.

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A inflação de Florianópolis apurada pela Udesc/Esag é um exemplo disso. Em fevereiro teve alta de 0,62% e o preço dos alimentos seguiram pressionando, junto com combustíveis e mensalidades escolares (essas sazonais).

O grupo de alimentos subiu 1,02% e os alimentos em domicílio, 1,6%. Entre as altas que chamaram a atenção estão batata inglesa (20,80%), café em pó (16,4%%), ovos vermelhos (10,4%), frutas (3,4%), aves e ovos (2,85%).   

O empenho do governo federal para reduzir preços de alimentos ocorre porque esse é o principal fator apontado para a queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas além da ajuda da grande safra deste ano e dos juros altos da taxa Selic, o governo precisa fazer a sua parte no ajuste das contas públicas para que o mercado tenha confiança e não faça movimentos que resultem em mais inflação.

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