Uma das corridas globais do agronegócio é para aumentar a oferta de combustível verde de aviação, o SAF (Sustainnable Aviation Fuel, na sigla em inglês), hoje raro e caro. Entre as novas alternativas está a carinata, planta da família da canola que pode ser cultivada no inverno. Quem lidera iniciativa para Santa Catarina aderir com grande volume nessa produção é a Coopercampos, uma das maiores cooperativas agropecuárias do estado, com sede em Campos Novos.  

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O desafio para os 2,3 mil associados aderirem à produção dessa oleaginosa foi colocado esta semana, durante o 29º Show Tecnológico Coopercampos. Incluiu uma apresentação técnica sobre a planta e oportunidades de mercado feita por Philipp Herbst Minarelli, gerente de Carinata e Canola da Nuseed, multinacional australiana que lidera incentivos para plantar essa cultura na América do Sul.

Veja mais fotos da carinata, a oleaginosa especial para combustível de aviação:

– Estamos fazendo um projeto piloto para o plantio da carinata. Estamos vendo quantos produtores poderão plantar, mas o interesse está muito grande. O preço da saca é em torno de 10% a 15% superior ao da soja, mas só que a produção é menor. Fica em torno de 25 a 30 sacas por hectare enquanto a soja vai de 80 a 100 sacas por hectare – explica o presidente da Coopercampos, Luiz Carlos Chiocca.

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Segundo ele, a carinata é uma planta que atua também na conservação de solo no inverno, que pode ser cultivada após a safra do milho ou soja do verão. Ela cumpre também um dos pré-requisitos para combustível verde de aviação que é não utilizar alimentos para a finalidade de transporte. A carinata não é comestível.

– Nosso projeto é em parceria com a empresa Nuseed. Não sabemos quanto vamos produzir ainda. Inicialmente, toda a produção será exportada para a França, onde será transformada em combustível de aviação, que é o SAF. No futuro, poderemos ter uma indústria desse combustível aqui, se a produção for grande – observou Chiocca, que lidera a construção da primeira usina de etanol de Santa Catarina, junto ao complexo da Coopercampos, em Campos Novos, Oeste de Santa Catarina.

Na terça-feira, o líder cooperativista recebeu o governador do estado, Jorginho Mello, durante o 29º Show Tecnológico Coopercampos. Foi para assinatura de protocolo de intenções para concessão de incentivos fiscais para a implantação da primeira usina de etanol à base de cereais em SC.  

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Quem coordena esse novo projeto da carinata dentro da cooperativa é o gerente de assistência técnica Fabrício Hennigen. Ele fez questão de fazer um pequeno plantio experimental da oleaginosa para apresentar durante esta edição do Show Tecnológico e o resultado ficou dentro das expectativas.

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– O óleo da carinata pode ir 100% para o combustível de aviação. Não precisa de mistura. O pessoal da Nuseed fez um voo entre a França e os Estados Unidos usando 100% óleo de carinata como combustível. No fim do voo os passageiros foram informados sobre a experiência. Ninguém percebeu que não era combustível fóssil – contou Fabrício Hennigen.

Entre as vantagens da nova cultura estão também o menor custo de produção em relação a uso de insumos. Entre os estados que já estão plantando essa oleaginosa estão o Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

No mercado mundial, a expectativa é de que a carinata seja uma das principais fontes de combustível sustentável de aviação e que o Brasil vai liderar essa produção. De acordo com o portal do Globo Rural, a Nuseed informou que a produção brasileira vai passar de 10 mil toneladas para 100 mil toneladas este ano no país, um aumento de 900%.

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